MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Excelente artigo da Srª Drª Hrlena Sacadura Cabral





"Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos "afro-americanos", com vi...sta a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado!


As criadas dos anos 70 passaram a "empregadas domésticas" e preparam-se agora para receber a menção de "auxiliares de apoio doméstico".


De igual modo, extinguiram-se nas escolas os "contínuos" que passaram todos a "auxiliares da acção educativa" e agora são "assistentes operacionais".


Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por "delegados de informação médica".


E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em "técnicos de vendas".


O aborto eufemizou-se em "interrupção voluntária da gravidez";


Os gangs étnicos são "grupos de jovens";


Os operários fizeram-se de repente "colaboradores";


As fábricas, essas, vistas de dentro são "unidades produtivas" e vistas da estranja são "centros de decisão nacionais".


O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à "iliteracia" galopante.


Desapareceram dos comboios as 1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes "Conforto" e "Turística".


A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: "Sou mãe solteira..." ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: "Tenho uma família monoparental..." - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade implante.


Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e "terroristas"; diz-se modernamente que têm um "comportamento disfuncional hiperactivo".


Do mesmo modo, e para felicidade dos "encarregados de educação", os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, "crianças de desenvolvimento instável".


Ainda há cegos, infelizmente.

Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado "invisual". (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o "politicamente correcto" marimba-se para as regras gramaticais...)

As pu*** passaram a ser "senhoras de alterne".


Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em "implementações", "posturas pró-activas", "políticas fracturantes" e outros barbarismos da linguagem.


E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a "correcção política" e o novo-riquismo linguístico.


Estamos "tramados" com este 'novo português'; não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress.


Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma 'politicamente correcta "'.