MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Zé Maria Cortes - Pra que a terra não esqueça......

 A vida, a obra, a morte e o legado de José Maria Cortes



A Vida


Á falta de talento neste momento conturbado, para falar da vida, socorri-me deste poema de Vinicius de Morais :

Quem sou eu senão um grande sonho obscuro em face do Sonho Senão uma grande angústia obscura em face da AngústiaQuem sou eu senão a imponderável árvore dentro da noite imóvel E cujas presas remontam ao mais triste fundo da terra?
De que venho senão da eterna caminhada de uma sombra Que se destrói à presença das fortes claridades Mas em cujo rastro indelével repousa a face do mistério E cuja forma é prodigiosa treva informe?
Que destino é o meu senão o de assistir ao meu Destino Rio que sou em busca do mar que me apavora Alma que sou clamando o desfalecimentoCarne que sou no âmago inútil da prece? 
 A obra
Passar pela vida e deixar constância numa obra que se herdou ( Grp de Montemor), é só possivel para aqueles com personalidades psicologicamente densas, imtemporais e vivas, que o destino pde estrangular mas nunca apagar.
A necessidade da superação com base no sentimento da amizade numa sociedade tão pouco solidária como a actual, torna um homem superior na sua verdadeira realização pessoal para quem não passa por acaso pela vida. Na forma como encarou o desporto, o ser forcado e a vida, José Maria Cortes deixou obra, ainda que voluntáriamente tapado pela modéstia, mas vivo pelo exemplo.

A morte

A morte, passamento, ou desencarne é o cessamento permanente das atividades biológicas necessárias à manutenção da vida de um organismo, mas ainda que o misticismo de certas crenças transportem as pessoas para além deste final para uma vida no além, há aqueles cujo exemplo perdura .


Amando muito, vivendo em amizade intensa, vive-se mais após a morte. Hoje podem dizer os amigos do grupo, que a metade das coisas que fazem são do Zé Maria, ainda que hoje esteja reduzido a pó. Os grandes forcados como ele, continuam vivendo em cada um de vocês que vestem a jaqueta do Grp de Montemor...

O exemplo do Zé Maria, foi com ele para além da morte. Na generosidade dos transplantes: o morto que doa o seu coração ou os seus rins, continua batendo e purificando o sangue no transplantado. Isto é: continua vivendo em alguém. Todo o acto de amor, toda a obra bem feita é perdurável no transplante de alma cedido a um desconhecido que vive dele e com ele...

Lembrando a morte de um jovem cito "José M. Escribá" . "Já viste, numa tarde de Outono, cair as folhas mortas? Assim caem todos os dias as almas na eternidade. Um dia, a folha caída serás tu.


O Legado

Neste momento, todos os amigos e sobretudo o Grupo de Montemor, têm que reagir pela positiva, assumindo como legado do amigo que partiu, a alegria de viver, o exemplo de desportista, o conceito de amizade, a forma de estar e ser forcado, bem como a seriedade do homem, juntando tudo isto temos a dimensão do homem, por quem Nª Senhora da Visitação (Padroeira de Montemor) vai interceder certamente...

Gostaria de dar a este escrito o carácter épico mais que merecido, mas faltou-me o talento, restaram-me estas reflexões modestas, dando á comunidade taurina a expresão do meu sentir adornado no final com um poema de Zeca Afonso, que vos fará pensar ... Pra que a terra não esqueça...

A morte Saiu á rua

Saiu à rua
Num dia assim
Naquele
Lugar sem nome
Pra qualquer fim

Uma
Gota rubra
sobre a calçada
Cai

E um rio
De sangue
Dum
Peito aberto
Sai

Teu sangue,
Pintor, reclama
Outra morte
Igual

Só olho
Por olho e
Dente por dente
Vale

À lei assassina
À morte
Que te matou
Teu corpo
Pertence à terra
Que te abraçou

Aqui
Te afirmamos
Dente por dente
Assim

Que um dia
Rirá melhor
Quem rirá
Por fim

Na curva
Da estrada
Há covas
Feitas no chão

E em todas
Florirão rosas
Duma nação