MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A lide por Dr. Luís Pombeiro...

Dada a pertinencia deste artigo, com a devida autorização do autor , somos a publiicar esta peça á qual atribuimos enorme valor...

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Dr. Luís Pombeiro


A Lide

Há muita gente que não sabe o que é uma Lide. A lide de um toiro tem diversos capítulos e só depois de os conhecermos todos é que saberemos analisar a Lide de cada Cavaleiro ou de cada Toureiro. Falando de Toureio a Cavalo a Lide tem vários tempos: primeiro quando o toiro sai dos curros e é provado nos capotes para se ver a sua forma de investir, se tem algum defeito de visão não visível na inspecção veterinária e no sorteio, a forma como mete a cara nos capotes e se humilha ou se vem de cara no ar, se tem som. Depois, na garupa do cavalo , se passa para trás dela ou se se emparelha, se dá arreões ou mantém a cadência. O primeiro comprido é normalmente para sentir a investida do toiro e como tal na maioria das vezes os Cavaleiros despacham-no sem grandes alardes e sem grandes preocupações de se centrarem e citarem de frente bem enquadrados com o toiro como mandam as regras. Posto este comprido a obrigação já de de se centrarem bem de frente, parados, citando e indo rectos na viagem. A maioria coloca-os à tira e muitos nem sequer citam o que não está correcto. Também o partir já com "a porta aberta" ou seja, completamente no piton de fora e rodando a espádua mas já com o piton ganho um pouco à usança espanhola não é de maneira nenhuma a forma como se deve entrar nos compridos. Resulta bonito mas sem a verdade que se espera e a que uma lide completa obriga. Todos os ferros, sejam eles os compridos ou curtos devem ser rematados. Remate significa que depois da cravagem o cavaleiro deve rodar pela direita terminando o ferro de pois de vencer a cara ao toiro e então depois despegar-se do toiro terminando esse tempo com os aplausos (ou assobios) do publico. Nos curtos, a lide obriga a que se arrisque ainda mais. Se com os ferros compridos o Cavaleiro já pode marcar a diferença mostrando desde logo as suas intenções será depois nos curtos que terá a obrigação e o dever de efectivamente se centarr com o toiro. Centrar-se é ver a linha do dorso do toiro e estar a citar bem no meio dos cornos do toiro. Tenho dito e redito que se um Fotografo se colocar atrás da garupa do cavalo não pode ver o toiro. Se estando nessa posição, consegue avistar o toiro à sua direita significa que o Cavaleiro está a citar e vai partir no piton de fora, no piton direito, estando já a ganhar a saída. Este ferro é de menor grau de dificuldade do que aquele que parte bem centrado. Citado o toiro ou este parte e o cavaleiro aguenta a sua investida partindo e controlando a viagem , ou o toiro não sai e o cavaleiro ataca. Atacando, deve manter uma linha recta com o toiro até ao momento em que o toiro sai e o cavaleiro abre o quarteio, ou carrega a sorte ao piton contrário ou faz um quiebro. Todos estes momentos podem ser feito e serem importantes desde que a cravagem do ferro seja ao estribo.Se não cravar ao estribo, se não reunir ao estribo o ferro tem muito menos valor. Mas cravar ao estribo com reunião cingida. Não é cravar ao estribo e sair fora da sela indo agarrar o toiro a uma distância considerável. Se entre o toiro e o cavalo a distância for grande então o ferro é "pescado"e perde o valor mesmo que todos os tempos anteriores sejam cumpridos e que os posteriores como o remate seja efectuado. A diferença de uma boa ou má Lide está no conjunto de todos estes tempos de todas estas regras que se devem cumprir. Não se pode dar um triunfo a um Toureiro apenas pela colocação de um ferro. Pode ter o Melhor Ferros da Corrida mas nunca será a melhor lide se não forem cumpridas as regras essenciais e básicas do Toureio a Cavalo. Ainda dentro da Lide há que atender e saber as características do toiro. Há toiros de diferentes graus de dificuldade. temos os fáceis que permitem tudo e de tudo e os que começam a ter graus de dificuldade maior e mesmo que se modificam durante o decorrer da lide. Uns sobem o grau porque tomam conta da situação e outros são dominados e entregam-se porque o Cavaleiro se impôs. O grau de dificuldade dos toiros é também outra das bitolas para medirmos uma lide. Um toiro de grau de dificuldade de escala 3 deixa que o Toureiro se imponha facilmente. A partir do meio da tabela é que se vê quem tem unhas para tocar viola....O comportamento do toiro durante a lide é essencial para a avaliação do comportamento do cavaleiro e mais adiante para a escolha dos Forcados que o irão pegar. Se o toiro frene ou coloca a cara alta dificulta o momento da reunião. Então podem sair menos correctas as reuniões ao estribo e mesmo a colocação dos ferros. Mas há que saber quando é por culpa do cavaleiro que abriu demasiado cedo o quarteio ou bateu ao piton contrário antes de tempo ou se foi o toiro que frenou para não deixar sitio para receber o ferro. Todas estas questões são de extrema importância para se avaliar uma Lide com principio, meio e fim. Se de forma leviana apenas quisermos passar adiante sem uma análise profunda estamos a enganar quem nos lê e a deturpar a verdade dos factos e do que realmente se passou. Escrever para o publico deve ter primeiro um carácter didático. Contudo para poder explicar há que saber....E aí é que a porca torce o rabo. É que a maioria não quer saber e não se preocupa em aprender. É mais fácil reduzir a lide a um ferro, ou descrever apenas as emoções e o sentir do momento que contam no momento mas que se esfumam rápidamente.  Numa lide, um aspecto também importante, é que os cavalos não estão em praça para levar toques...Admite-se que um toiro bravo que não dá sitio possa colher de saída até que o cavaleiro se imponha. Não me venham dizer que são toques de risco e que quem não arrisca não petisca. Petisca quem dominar o toiro e estiver por cima dele durante a lide e não apenas em determinados momentos que se conseguiu impor mas que logo de seguida anda ao sabor do toiro levando toques ou colhidas ainda mais graves.
O papel do critico ou do cronista é importante para poder elucidar quem o lê e mesmo que os sentimentos sejam diferentes as bases de análise devem ser as mesmas.Muitos outros aspectos têm de ser levados em consideração para podermos eleger uma Lide e inclusivé o numero de vezes que os Peões de Brega intervêm...