MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

A lenda de Erectila e o toureio Clássico...

A lenda de ERECTILA e o toureio Clássico



 
No tempo da perseguição aos cristãos, um imperador mandou prender mais uns milhares de cristãos e resolveu dar outro grande espectáculo no circo.

No fundo das húmidas masmorras os fieis não lamentavam a sua sorte, havendo mesmo os que pediam aos guardas para os flagelarem, para que quando mortos pelas feras, estarem mais limpos e purificados dos seus pecados ( nesse tempo ainda não havia o detergente “CONFISSÃO” que lava os pecados de adultério, assassínio, roubo, pedofilia, abortamentos, chulice, etc.etc. etc.).

No meio dos cativos estava uma jovem de nome “ERECTILA”, que tinha feito o voto de se conservar virgem (ela lá sabia porquê… ), não se maculando com nenhum homem nem que fosse um do tipo Cristiano Ronaldo, e que permanecia cada vez mais calma e serena, á medida que chegava a hora de todos serem lançados ás feras.

O espectáculo começou; entrou um bando de judeus na arena e os leões e os tigres paparam-nos. O segundo numero foi passado a papel químico do primeiro. No terceiro numero entra “ERECTILA” e os leões papam todos os cristãos, como nos dois números anteriores, mas não tocaram na virgem.

O Imperador chateado com o que estava a ver, deixa ERECTILA sozinha no meio da arena e manda soltar novos leões e tigres famintos, que ao vê-la, se põem a rastejar na sua direcção acabando por lhe lamber… os pés como reza a história. Foi então que o Imperador levantou o dedo polegar poupando-a á morte.

O povo calmamente começou então a abandonar as bancadas, por sinal bem mais cómodas do que as do Campo Pequeno, e é então que Erectila se vira para o publico e diz: “Então não há umas palmitas nem umas florezitas para a artista? Porra!!!… “

Projectando esta história parodiada de uma lenda, no mundillo, lembro-me o efeito do classicismo do toureio puro e duro, quando despido do virtuosismo da espectacularidade.

Efectivamente ser virgem hoje, só por si, não trás valor acrescentado, do mesmo modo que ser clássico só por si, será para muitos pouco mais que banal.

O clássico de hoje, era tido como modernissimo há setenta anos, e moderno quando apareceu o Mestre Batista.

Sei que muitos não concordarão comigo, mas estou convencido de que terão os toureiros clássicos que trabalhar mais a espectacularidade, para que o público se entregue doutra maneira ao seu labor ( será bom recordar a propósito, como mestre João Nuncio citava os toiros ladeando com rara beleza).

É fundamental que os toureiros façam chegar a sua mensagem, senão nem palmitas nem florezitas, sujeitando-se em consequência, que as suas actuações passem despercebidas.

O público quer arte e valor mas também quer espectáculo.

“ERECTILA” se tem dado a entender por gestos ou mesmo por palavras, que se salvou por ser virgem voluntariamente, e não por ser feia (vulgo um coiro) ou por caturrice ou por ser assexuada, teria tido outro êxito no seu desempenho. A virgindade apresentada a seco como ela fez, só lhe deu o sucesso devido, no Céu…

Será lógico defender, que alguns se contentem com as feras que de rastos lhes lambem… os pés enquanto o grande público pouco lhes liga; esperando somente a reacção do publico ao seu trabalho, no Céu? Cá para mim acho que não, porque dou como certo que as virgens têm voo directo para o paraíso, porém, já o mesmo não acontece com os toureiros clássicos puros.

Virgindade é e será sempre uma virtude, mas se há ainda hoje uma minoria que a valoriza, a maioria não lhe dá grande importância, havendo mesmo muitos que a consideram uma “pesadilla”, e é projectando um raciocínio semelhante, com as mesmas palavras, no toureio clássico puro e duro, que prevejo igualmente a “pesadilla”, ou quase, do toureio clássico sem a espectacularidade de uns ares de escola, sem improviso e sem variantes no desenho das sortes, que podem ser por direito, ao piton contrário ou a quiebro, embora buscando sempre a emoção …