quarta-feira, 14 de junho de 2017

Poesia e tauromaquia...

Caminhando pelo pensamento 
 


Já várias vezes citei nos meus artigos, Manuel Lima Monteiro Andrade, ex forcado do grupo de Santarém, grande aficcionado, homem apaixonado pelo seu Ribatejo e poeta enorme, que tão cedo nos deixou.

Já um dia escrevi que o seu livro de poemas tal como outros 5 ou 6 ( aos quais juntei recentemente (de Alexandria ao Cairo de Eça de Queirós) nunca sai da minha mesa de cabeceira.

Há dias  voltei a abrir a sua obra e parei nuns versos seus que começam assim:

“Na paz sossegada do meu quarto

Fecho os olhos, ás vezes sonolento

E sozinho, sonho e parto

Pelos caminhos sem fim do pensamento”.

Sem querer, segui sonolento e sozinho, pelos caminhos infinitos do pensamento.

Nessa viagem sonhei como seria bom que todos os empresários fossem dinâmicos, empreendedores e inovadores.

Sonhei como seria edificante que as agressões mesmo que verbais, desaparecessem por completo do universo do “mundillo”.

Sonhei com o fim total e absoluto da inveja e consequentemente do ciúme, que apequena os que dela fazem uso, tornando-os dementes e mal formados.

Sonhei que cada artista - ainda que não negando as fontes onde bebeu -, tinha enveredado por soltar a sua arte genuína sem imitações.

Sonhei que se passaram a respeitar sériamente as tradições e as escolas de equitação e toureio, numa demonstração cabal de afirmação por inteiro da nossa cultura e da nossa história.

Sonhei que as associações de classe tinham passado a defender toda a classe por igual, não beneficiando alguns em detrimento de outros, e muito menos servirem de respaldo a caprichos pessoais de uns tantos.

Sonhei que a imprensa tinha deixado o comodismo, o politicamente correcto, o tíbio encosto ao poder,  em suma o cinzentismo… mesmo continuando a não ser totalmente independente. Dizer-se que determinado órgão da imprensa é independente, é utópico… Digo eu!!!…

Sonhei que todo o mundo taurino se tinha virado para o apoio verdadeiro aos jovens toureiros, sem a hipocrisia do: “ bla, bla, bla… porque é jovem” (como escreveu um dia M. Esteves Cardoso).

Sonhei ver os anti taurinos preocupados finalmente com problemas humanos gravíssimos, que os há, em detrimento da “pachanguice” e dos atentados á liberdade, sem respeito pelas arte, história e tradição.

Sonhei que tinha passado a haver tantas iniciativas de apoio á divulgação, promoção e esclarecimento do toureio a cavalo e dos forcados, como há do toureio apeado.

Sonhei que o Europeismo se circunscrevia á economia e á estratégia militar e não se tinha tornado numa AZAE fria e global que defende o politicamente correcto em detrimento da história e da tradição.

Acordei então, e rapidamente descobri a verdade fria das palavras do poeta que passo citar, e que entremeio com uma consideração pessoal:

“Que mundos tão diferentes!...”

(E aqui acrescento o tal aparte) A realidade… e o sonho que me transportou a:(no dizer do meu amigo Manel)

Imagens sublimes e grandiosas

Recantos perdidos e atraentes

Praias de águas deleitosas…”

E agora termino com os versos que fecham o poema que me inspirou.

“No fundo sei apenas que vivi

O sonhar dum sonho transitório e brando”.