sexta-feira, 14 de julho de 2017

Crónica do C. Pequeno...

A noite valeu pela faena de Manzanares ao seu 2º toiro

Para muitos aficionados, os carteis com o registo de "mano a mano" com um cavaleiro e um matador, são quase sempre deficitários da componente "competitividade ".
Se dentro da mesma arte, quer seja o toureio apeado ou o toureio a cavalo,  não são comparáveis as interpretações de cada um por si,porque impossivel se torna comparar duas artes distintas embora com a mesma raíz, como é o caso em questão, e a titulo de exemplo faça-se um paralelismo com comparar canto com dança, pintura com escultura, teatro com cinema etc.

PABLO H. DE MENDOZA

Uma passagem pelo C. Pequeno muito aquém do esperado, e vejamos porquê.
No seu 1º toiro deixou que os bandarilheiros recebem-lhe o toiro ( o que nele não é habitual), para depois executar duas sortes á tira em movimento sem citar, resultando a primeira num ferro á garupa com o cavalo atravessado digno de um principiante.
Nos curtos, embora numa lide desgarrada cumpriu sem brilho. Foi-lhe concedida a volta á arena, mas estou convencido que num outro momento da sua carreira, a mesma tinha sido por ele rejeitada...
No 2º toiro voltou a deixar que os bandarilheiros o recebessem, e executou duas tiras correctas ( a primeira melhor que a segunda) sem arriscar e sem citar...
No 2º tércio com o toiro por trás deu um cheiro daquilo a que habituou o público de Lisboa, mas as sortes foram semppre executadas com o cavalo fora da linha do toiro e com batidas 2 ou 3 trancos antes do sitio e momento onde vive a emoção ( como prova o video que se segue)...




No 3º toiro esteve mais próximo do que lhe é exigido, Recebeu ele o toiro, parou-o e cravou com correcção.
No tércio de bandarilhas foi excelente o seu primeiro ferro ( de longe o melhor desta sua passagem por Lisboa), nos outros continuou no mesmo registo de falta de emoção. De salientar no entanto uma maior ligação na lide, entrosada com ladeares e rotações de garupa na cara do toiro com este por detrás, que chegaram ao público.
 Nota : Sacou o mesmo cavalo de saída em dois toiros e repetiu um cavalo de bandarilhas... 

J. M. MANZANARES

No primeiro toiro esforçou-se a tirar água dum poço seco.,  já no 2º abriu o livro e destapou o frasco da essência da arte.
 Lentidão, profundidade, temple e valor, marcaram este seu desempenho, e este seu desempenho marcou a arena do C. Pequeno para sempre.
Que bonito é o toureio quando assim é interpretado...
O 3º toiro recebeu-o maravilhosamente de capote, com a muleta ensaiou boas tandas, e depois... depois cedeu o toiro ao seu "sobressaliente " o novilheiro CUQUI, atitude essa sujeita a várias interpretações. Cá por mim, fiquei surpreendido mas não achei bem nem mal, até porque não conheço as motivações que levaram a isto, e no fim da corrida constatei que as opiniões se dividiam...

O Grupo de Montemor ajudou bem como é seu tibre. Foram caras João da Camara á quinta tentativa, Francisco Bissaia Barreto á segunda e Francisco Borges  à primeira...