A morte ainda é um dos maiores mistérios da vida. É inevitável questionarmos o porquê de termos que nos despedir de alguém que amamos, ou mesmo temer o nosso próprio fim.
Há, no entanto, milhões de possibilidades de lidarmos e reflectirmos a morte não apenas como um momento unicamente de dor, mas como parte incontornável da vida. Tive que decidir, pensando e aprendendo sobre esse implacável acontecimento, uma forma menos negativa de encará-lo de forma mais corajosa.
Depois de ver partir Angel Peralta, o meu maior amigo e a pessoa com quem mais aprendi do toiro, do cavalo, da vida e da arte, vi partir pouco tempo depois Luc Jalabert outro amigo enorme a quem chamava o meu irmão Francês.
Se o passamento destes dois foram factos mais ou menos esperados dada a idade de um e a evolução da doença do outro, já no que toca ao Joaquim Manel, nunca pensei possível este desfecho tão abrupto e tão rápido.
Se o ato da despedida já costuma ser ruim por natureza, pior ainda quando é feito diante da morte. Não há nenhuma prova de reencontro com a pessoa querida, apesar de algumas pessoas se apoiarem nesta fé.
A cada chamado da vida, o coração deve-se preparar quanto possivel para a despedida e para novo começo, com ânimo evitando se possivel lamúrias. Aberto sempre para novos compromissos. Acreditando que dentro de cada começar mora um encanto, que nos dará forças e nos ajudará a viver.
Eu acredito que a morte destes três amigos ( Figuras incontornáveis da tauromaquia) foi só uma mudança de existência e, para as suas almas, uma migração deste lugar para outro.
Evitei falar ao longo da doença do J. Bastinhas por respeito á família, como é meu hábito em casos semelhantes, e também porque nunca duvidei que e a sua raça que conhecia desde ele cavaleiro amador não fosse suficiente para o prender á vida, por isso, por incrível que pareça, fui apanhado de surpresa…
Prefiro acreditar que não disse adeus a nenhum dos três amigos que partiram em 2018, mas tão só que nos separamos para que o destino nos dê um reencontro feliz.
Perante os factos, só com a agonia da despedida fui capaz de compreender a profundidade da amizade que me unia a J. Bastinhas, A. Peralta e L. Jalabert…
NOTA - Oportunamente escreverei de J. Bastinhas "P'ra que a terra não esqueça…"