Toiros Murube ... Vams lá falar verdade...
Hoje em dia vai-se conseguindo, por influência dos toureiros junto dos ganaderos, que aos toiros de lide se modifique o seu estilo de bravura, passando de ser uma indómita fera a converter-se numa simples besta que investe por instinto, tirando-lhe toda a malícia defensiva, característica determinante da sua positiva bravura e do risco efectivo para quem com eles se enfrenta.
Hoje em dia, cada vez mais, vão aparecendo, nas nossas arenas, toiros cruzados com a casta “morube” , que tem como resultado um toiro completamente destituído de perigo e portanto, tirando ao espectáculo a que vamos assistindo, toda a emoção que deve estar presente numa corrida de toiros e não no vulgar espectáculo taurino que vamos engolindo.
Todo o romanticismo que havia na lide de reses bravas, sustentáculo através de muitos anos, desapareceu totalmente debaixo de influência de mesquinhos interesses em cujas redes se encontram envolvidos todos e cada um dos elementos participantes no que chegou a ser festa popular.
Toda aquela auréola de heroísmo de que se revestiam os galhardos cavaleiros de outros tempos, convertida se quedou em mercenária especulação, afastando, de certo modo, daqueles que actualmente se dedicam à taurina profissão, a lenda e popularidade que caracterizavam até os mais modestos, emprestando sempre com a essência da grandiosidade da lide, como actividade viril, arriscada e de beleza trágica.
A festa guardou para si até há relativamente poucos anos, características sui generis que a fizeram distinguir-se dos demais espectáculos. Guardava-se por ela veneração e todas aquelas pessoas que de alguma forma estavam relacionadas directamente com a celebração de corridas de toiros procuravam conservar o seu ambiente único, granjeando dessa maneira a admiração dos públicos, chegando a ir até ao fanatismo pela festa da sua predilecção.
José Zúquete