MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Crónica antiga mas actual...

Escrevi esta crónica há já vários anos inspirado num poema de D. Marilia Caetano, que infelizmente se mantém actual….





Foge-nos entre os dedos, toda a areia,

Se na mão apertarmos um punhado,

Para conservá-la usemos do cuidado

Que tem a aranha a construir a teia….

Estas palavras sábias dum poema de Marília Caetano levaram-me ao reflexo das mesmas no “mundillo”, alagando-me a memória três evidencias actuais.

1º - As razões do êxito de alguns empresários.

A explicação é fácil. Oferecem ao público o que este quer ver, além de aligeirar os preços tornando o espectáculo acessível a mais gente, Fomentando assim a Festa, e o resultado de bilheteira de uma praça sua quase cheia, é com certeza maior que o de uma praça meia com preços altos.

Resumindo, plagiando a quadra que titula esta crónica, apetece dizer:

Não lhe foge das mãos a areia, porque não quer apertá-la num punhado.

2º - Os êxitos recentes da Forcadagem

A corrida tem que ter emoção, e se esta não lhe é dada pelo toureio a cavalo, o digníssimo público sedento dessa emoção vê nas pegas os momentos maiores. Acresce a esta circunstancia o facto de os toiros “Português Suave”, muito próximo do manso, reagirem forte por cobardia a serem agarrados, dando por isso pegas espectaculares. Não podemos também esquecer a razão forte, de se encontrar a arte de pegar num dos momentos mais altos da sua história

3º - O toureio a cavalo actual

Como me dizia há dias o mestre Simão Comenda.

No actual toureio a cavalo, salvo raras e honrosas excepções, imita-se o numero do A, do B, do C, tentando apertar na mão toda a areia(os números dos outros).

Poucos são os que desenvolvem um toureio próprio como faziam Batista, Zoio e Veiga e mais tarde Moura, Caetano e M. Jorge, por exemplo.

Hoje quase sempre recorta-se o toiro - tirando-lhe poder -, não o correndo.

Lembram-se que antigamente, no correr dos toiros começava a emoção?

Hoje, a emoção existe só nos primeiros curtos porque nos últimos já não há toiro nem talento para entusiasmar o público.

Atenção: “tem outro sabor um fim empolgante…”. (marotos!… Não me refiro ao que muitos estão a pensar)

E a propósito do que acabo de dizer no que toca á emoção duma forma geral e á originalidade de cada um, cito outro trecho da poetisa que inspirou esta crónica.

“A arena é tela do toureiro!

Nela terá que pintar

Com arte, com cor, com vida

O quadro ficará

Na mente de quem o vê.”

Poucas são as actuações hoje em dia (mesmo só um ferro)que ficam na nossa mente?

Dá que pensar…