O neopossidonism e a Festa...
Leio tudo o
que escreve o Coronel Carlos Matos Gomes no seu blogue "BISCATES",
concordando ou não com o que escreve o autor. Desta vez extrai e vou
publicar com a devida vénia um excerto duma crónica intituada "o
Neopossidonismo", com o que julgo caber no actual mundo dos toiros.
O princípio
orientador dos neopossidónios e neopossidónias radica na obediência à
moda. São os primeiros a adotar as novidades, por vezes velhíssimas,
apenas com novas roupagens. Não interessa pensar nisso. Os
neopossidónios que se sucedem nos púlpitos do comentário nas televisões e
jornais funcionam como retransmissores. São cães pastor que tentam
conduzir o rebanho na mesma direcção, que pretendem levar os indecisos a
alinharem com a maioria, que atacam os solitários e os rebeldes. A
coroa de glória dos neopossidónios é fazerem que um espirito livre
duvide dos seus próprios sentimentos e opiniões. São hipnotizadores
falhados.
Sempre duvidei
de que pedir uma fatura depois de beber uma bica evitasse a evasão
fiscal, como os neopossidónios impunham: Peça fatura! Os Panamá Papers
deram-me razão. Não há, que se saiba, faturas de bicas nos offshore, nem de armas, nem de drogas. Não há faturas no Panamá! Os neopossidónios andam à procura delas.
Os
neopossidónios que infestam a política e o mercado do comentário e da
informação têm como regra “irem a todas” e navegar na crista da onda.
Têm de estar na moda nos programas da manhã, da tarde ou da noite, nas
redes sociais, nas colunas dos jornais, a falar de sulfitos ou de
misseis balísticos.
O possidónio
nunca pensa que “estar na moda” significa que alguém desconhecido e por
motivos inexplicados decidiu o que e como ele se deve vestir, calçar,
comer, pensar, apoiar e rejeitar. Na economia, por exemplo, a moda é o
lucro privado e o prejuízo público. O pobre é um rico incompetente. Na
sexualidade, a moda é a “assumpção”. Todos têm de assumir. Na sociedade,
a moda é o direito do indivíduo sobre o da comunidade. Um assaltante é,
por princípio, melhor do que dois polícias. É o direito do modernaço
centro comercial contra o da loja. É o direito do ruído contra o
silêncio. Nos comportamentos as duas lambadas estão out, o escarro está in.
O neopossidónio nunca se interroga que estar na moda é receber uma
carta anónima a dizer que na próxima época devemos pintar o cabelo às
riscas e vestir roupa às bolas e, no dia seguinte, ver toda a gente à
sua volta de cabelo às riscas e fatos às bolas. O neopossidonismo é a
ditadura do simplismo e do primário.
As redes
sociais estão infestadas de neopossidónios que receberam essa carta
anónima e obedecem às suas indicações com o mesmo critério canino com
que as Tias de Cascais aceitam as regras do beijo de cumprimento com um
ou dois ósculos.
Os
neopossidónios têm sempre uma resposta para qualquer problema,
normalmente um ismo: machismo, militarismo, marxismo, liberalismo,
homofobismo, autoritarismo, despesismo… é só colar uma etiqueta, a mais
comum é oportunismo, a seguir ao chico-espertismo.