Trampolins sociais são meios, nem sempre lícitos, de que alguém se serve para alcançar certos objetivos (posição social ou situação económica vantajosa). Saltar nos trampolins em si não tem mal, mal tem o facto de os saltadores, por vaidade e sobretudo por ingratidão, começarem logo a seguir ao salto a aviltar quem lhes serviu de base para o pulo.
Há apenas duas formas de subir ou descer na vida: pelo nosso engenho ou falta dele ou pela estupidez dos outros. Subir na vida é uma ambição natural, mas não façamos dos amigos os degraus da nossa escada, nem dos trampolins cegos que os projectam a única forma de chegar mais alto. vençamos pela nossa capacidade, sempre com lealdade, carácter e dignidade!
Os trampolins sociais normalmente não se importam de ser utilizados, sorriem perante o ridículo de quem os usa e se estatela de chapa ao entrar na piscina da vida.
As contingências dos trampolins repetem-se no trabalho, no desporto, na política, em suma, em tudo na vida, mas no "Mundillo" nota-se mais e ainda por cima é barato. Um tipo que tenha dinheiro pode fazer-se eleger presidente dum clube de futebol, além de socialmente não ir muito além do extracto social vacão a que já pertencia, fica caro, muito caro mesmo, enquanto que no "Mundillo", por módicas quantias, como empresário, apoderado ou pai de jovem toureiro, passa a sentar-se à mesa com gente que só conhecia das colunas sociais dos jornais e revistas e não é interrompido quando fala, mesmo que só diga merdas erradas ou sem valor. Os trampolins falam aos saltadores com naturalidade, enquanto estes confundem a atenção que lhe dispensam com educaçao...
Politicamente, os saltadores arrasam o governo, o regime e figuras públicas do pós 25 de Abril e a própria revolução, esquecendo-se que antes dela muitos se eternizariam em vendedores disto ou daquilo ou em pedreiros
