sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Morreu Graciano Saga e Fernando Tordo emigrou...
Tenho que me penitenciar pelo quanto fui cruel com Graciano e lamentar que Tordo tenha emigrado...
Graciano Saga, conhecido como o cantor emigrante, fez grande sucesso entre a comunidade portuguesa emigrante com músicas como "Vem devagar Emigrante", "Vamos lá rapaziada","Peregrinos de Fátima" e "Amiga Emigrante".
Várias foram as vezes que achincalhei as letras cantadas por este homem, sem nunca pensar no quanto estava a ser cruel. Súbitamente leio a notícia da sua morte e parei para pensar e concluí que, não tinha dado o devido valor a quem de forma genuína dava a sua arte e fazia felizes os emigrantes.
Graciano Saga não tinha culpa da sua incultura ( tal qual como acontece com Ronaldo), mas era genuíno, cantava com sentimento e tinha uma óptima voz. Os seus poemas eram o sentir do povão ao qual pertencia, povão esse que o admirava. Eu que tive a sorte de ter outra formação académica, na realidade acabo por com certeza não ter o seu valor.
Hoje, pensando bem, acabo por ter vergonha das coisas que escrevi a seu respeito.
Fernando Tordo emigrou...
Começo por dizer que não tenho qualquer tipo de admiração por Fernando Tordo, nem como artista nem como homem como não tinha por José Saramago, mas não haja dúvidas que por detrás de um livro, de um espectáculo de Dança, Teatro, Música, Circo ou Cinema, esconde-se uma realidade preocupante, a realidade com que os profissionais da escrita e das Artes do Espectáculo se confrontam nas suas condições de vida e de trabalho, sendo mesmo considerados por muitos como parasitas da sociedade.
Eunice Munõz disse há pouco tempo que sentia mágoa de ser portuguesa e que, se tivesse sabido o destino que o seu país lhe reservava, teria, em tempos, optado pela nacionalidade espanhola, dada a sua ascendência. Saramago emigrou, e outros artistas emigraram igualmente. Alguma coisa não vai bem...
A cultura de um povo é um tesouro inesgotável; da cultura sai um ensinamento que encanta novos e velhos; as regiões do País entrelaçam-se para transmitir às suas raízes que estão crescendo, a magia onde nasceram.
Alguém dise um dia : "As mãos são modeladas para a arte de pintar ou escrever, a boca torna as frases em rimas, estas em cantigas, formando lendas, enrendilhadas de risos e prazeres" que se perpetuam.
Eu sei que por vezes é dificil separar o homem do artista, só o tempo permite essa separação como aconteceu com Picasso, Freud, Dali, Fernando Pessoa, Bocage, Miguel Torga, Alvaro Cunhal e Luís Vaz de Camões e tantos outros que como homens foram figuras controversas. No caso de Fernando Tordo a controvérsia está associada ás suas simpatias por determinadas correntes politícas.
Será que todas as pessoas de esquerda não são tão Portuguesas como as outras ??? E o que dizer daqueles milhares que logo depois do 25AB alinharam nas teses revolucionárias por incultura ou oportunismo, e logo passado o 25 de novembro apanharam outros comboios ???
Isto tudo dá que pensar, o que me leva a não compreender o avinagramento de muitos comentários que li no "FACE" a propósito de Fernando Tordo, e fiquei triste ao ler coisas que foram dirigidas ao filho, que o único crime que cometeu, foi manifestar a saudade pelo pai e lamentar que este se visse obrigado a emigrar....