Meu caro Miguel:
Temos que comemorar condignamente os teus 40 anos de escrita.
Há muitos anos, tu, eu e os meus filhos |
Ès
uma figura respeitada e temida, ainda que por trás muitos te mordam, a verdade
é que pela frente te bajulam sem que isso queira dizer que és detentor da
verdade, e muito menos que a verdade sejas tu.
Começaste
muito novo, e eu naquela época profundamente amigo desse grande Senhor, comandante João Alvarenga, vi
que não obstante o facto de me situar distante ou mesmo muito distante da ideologia
política ou sentir religioso de alguns dos teus Mestres, tu estavas entregue a gente de cultura, sem
medo e com um respeito total para com os leitores que sempre os impediu de
tapar fosse o que fosse, que julgassem de interesse para o público.
Tinham
esses teus mestres em comum predicados que eu admirava : educação, cultura,
percepção do sentir popular, portuguesismo autêntico, inteligência, loucura
Q,B., e o dom da escrita que saía em catadupa do talento de cada um desses
senhores que aboliam do seu léxico em consequência, as palavras cobardia,
acomodar, tolerância, frete, medo etc.
Miguel
também tu tens isto tudo que acabo de mencionar ao longo de 40 anos, mas tens mais... que te torna superiormente
incómodo, com a mediocridade ou perante o mal feito, que ´ser cruel e corrosivo e
ninguém tem a certeza de te ter na mão.
Ès
o principal rosto da imprensa taurina nacional quer queiram ou não.
Respeitas
como ninguém a liberdade de imprensa.
Aguentaste
sempre de peito feito os processos que te levantaram e foram muitos, tivesses
razão ou não .
Foste
nestes últimos anos e serás no futuro, a consciência critica do mundo taurino
em Portugal, trazendo á luz escândalos – alguns ainda que bem perversos – sem
ter em conta a força e o peso dos envolvidos.
Assumiste
com dignidade os teus erros.
Cumpristes prisão.
Nunca fugistes.
Nunca fugistes.
Sabes
estar em qualquer lugar.
Quando
vestes um smoking ninguém te confunde com o Barman.
Ès
amigo do teu amigo, num mundo onde muitos não sabem o que é a amizade.
Bebeste quando, quanto e onde quiseste e ninguém tem nada com isso.
Bebeste quando, quanto e onde quiseste e ninguém tem nada com isso.
Tens
ideias definidas da coisa política.
Não
és daqueles que mudam de intenção de voto ao sabor do vento.
Conheces
a nossa história.
Leste,
leste bastante - e nota-se -, ás vezes coisas alemãs que bem podias ter
substituído por outras.
Ès
um homem de causas.
Ès
um g’rande marreta.
Quando
perdes a transmontana - como dizia o poeta -, atascas de merda o mais pintado.
Ès
um bom amigo e um dos piores inimigo que qualquer pode arranjar (a seguir a mim
é claro).
És
fadista dos autênticos.
Nunca
estás a mais. Quantas vezes és desejado e não apareces?
Quando
queres, e se for caso disso és mesmo um grande sacana.
És
um homem livre que pugna incessantemente pela liberdade.
Por
tudo isto criaste uma imagem que nem sempre é simpática, a que não é de todo alheio um
certo ar arrogante de quem não teme, e a fama dum certo prazer quase sádico por
revelar o escândalo .
O
teu amor á liberdade de imprensa sendo enorme tem ainda por cima uma dose de
equilíbrio que por duas vezes me deixou estupefacto.
A
roletância em relação ao automóvel nesta Lisboa de 2007 é a prova provada de
extravagância, loucura e de “non sense” típico dos génios.
O
penteado tipo “Catamaram” é a imagem de marca que facilita caricaturistas e nos
inspira um certo separar das águas…
Está
aqui descrita no melhor que sei, uma boa parte de ti mesmo porque sendo novo um
dia hás-de partir. Ficará então de ti algo escrito, com o rigor e a franqueza
da amizade que pode por vezes dourar o menos bom, mas com certeza que na maior
parte do todo deste artigo, se retirará o testemunho de ti como homem e como
critico .
A minha amizade conhece-la, e por isso sabes o gozo que me dá poder comemorar este ano contigo esta efeméride.
A minha amizade conhece-la, e por isso sabes o gozo que me dá poder comemorar este ano contigo esta efeméride.