Vamos
cantar
as
janeiras!
Este
é o dia mais festivo da época natalícia em Espanha, como todos sabemos.
É
evidente que reis são sempre reis e ninguém é mais representativo de um povo.
Já
várias vezes defendi esta teoria, argumentando com aquilo que Miguel Esteves
Cardoso escreveu, e que considero uma crónica de rara inspiração, em que dizia
que existe o rei dos leitões, o rei das alcatifas, etc., e não há o presidente
da república das bananas, da batata ou mesmo do ferro velho porque a República,
nunca é referência de qualidade para nada. A República só nos lembra a
bandalheira e é por isso que quando a rebaldaria é muita, dizemos “isto parece
uma República... oh quê ?”.
Há
ainda a história da menina que parece uma princesa e nunca pode parecer a filha
de um presidente da República, do mesmo modo que um real jantar, uma real
noitada ou uma real...., nunca pode ser um republicano jantar, ou uma
republicana noitada, ou uma republicana...
Concluindo
eu daí e em consequência, com um viva o rei !
Atendendo
à época, e por falar em reis, levanto a voz para gritar alto: “Viva o dia de
Reis!”.
Dirão
os leitores: “o velho está-se a passar-se, já não tem assunto e começa-se a
repetir à força toda”.
Desenganem-se
meus amigos, porque estou mais novo que nunca.
Presunção
e água benta, cada um toma a que quer...
Nesta
data em que todos os anos por todo o país se cantam as janeiras, incluindo na
presidência da República (onde os presidentes fazem de reis), é também minha
intenção cantar essa música tão popular, com letra da minha autoria inspirada na temporada de 2015:
Vamos
cantar as janeiras,
Vamos
cantar as janeiras
P’lo
mundo taurino vamos,
Vamos
cantar as janeiras ...
Papariripa
papariripa paparam
Que
dizer de Santarém?
Que
dizer de Santarém?
Ganhou
o João Bolota
Os
outros foram c’o a da mãe
Papararipa
papararipa paparam
Podem
prémios receber,
Podem
prémios receber,
Desde
que os organizem
Para
depois os vencer
Papararipa
papararipa paparam
Vamos
dançar o fandango
Vamos
dançar o fandango
Juntemos-lhe
as sevilhanas
A
valsa, a polca e o tango
Papararipa
papararipa paparam
O
Emílio e o Miguel,
O
Emílio e o Miguel
São
do que há de melhor
Cada
um no seu papel
Papararipa
papararipa paparam
Vou
acabar, pois então
Vou
acabar, pois então
Viva
o "sortesdegaiola"
Que
é o melhor da Nação
Papararipa
papararipa paparam
Como
vêem, sou um poeta popular, quiçá popularucho, mas quem faz o que sabe, a mais
não é obrigado.
Se
os toureiros têm direito a tardes más, os empresários a montar corridas
repetitivas sem o mínimo de interesse, os ganadeiros a apresentar curros de
toiros mansos ou sem trapio, os emboladores a embolar mal, as bandas a dar
fífias, os apoderados a administrar desastradamente os seus toureiros,
etc., etc., etc., será que não me assiste o direito de escrever uma crónica de
merda?
Claro
que me assiste tal direito!
As
janeiras são uma emanação popular cujo conteúdo, sendo pobre gramaticalmente e
deficitário em métrica, é rico como crítica social e politica.
Perante
tal arrazoado, para uns ensandeci, para outros esta é que é a imagem do meu
valor e para outros ainda, esta crónica é simplesmente uma cagada.
Que os reis
Gaspar, Baltazar e Belchior tragam além da mirra e do insenso que hoje não têm
utilidade nenhuma (o Menino Jesus prefere concerteza o Nody ou uma Playstation
portátil) podem trazer para a malta, uns pós de bom senso p’ra todos, começando
por mim...