MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Está aí a Golegã...

A Feira da Golegã vista por um velho como eu..

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A tradicional Feira de S. Martinho globalizou-se, com o que isso tem de positivo, mas também de negativo, já que as estruturas básicas são as mesmas e a tradição esbateu-se nos modernismos que atentam contra as recordações do passado.
A Feira hoje já não é popular, e se é verdade que a qualidade dos equideos melhorou substancialmente, já em termos de equitação, a qualidade, o saber  e o bom gosto foram sendo alterados em muitos casos, pela presunção "parvenue" dos alpinistas sociais, que enchem os alcatruzes da nora da vida, no movimento ascendente, nora essa que atravessa na horizontal todas as famílias. Lá diz o ditado : Não procures geração, porque encontrarás, puta, padre, paneleiro ou ladrão....

A GOLEGÂ de HOJE...
A "Água pé" e o abafado desapareceram quase por completo, dando lugar ás cervejolas, ao Whisky e mais recentemente ao Gin, que se bebe com tudo até com pepino. A Rainha mãe bebia diáriamente o seu gin sem nada dessas porcarias que lhe misturam hoje... mas era a Rainha Mãe...
As tascas que serviam dobrada,  bacalhau com grão e uns frangos á cafreal ou no espeto de duvidosa qualidade, têm hoje como sucedâneos os grelhados de carne de Arouquesa, Alentejana, Mirandesa etc... ou então os porcos empalados cujo o tempero melhora com a poeira levantada pelos caminhantes e pelo perfume dos cagados dos cavalos...
A falta de sitíos para as pessoas se sentarem para descansar, é notória como aliás sempre foi, com a agravante de que agora há muito mais gente e os lugares são os mesmos, e ainda por cima muita malta nova perdeu o respeito pelos mais velhos e alapam-se ás cadeiras a beber, a dormir e por vezes a vomitar sem se lembrarem de dar os lugares ás senhoras e aos mais velhos, com problemas nas ancas, nos joelhos, nas costas e noutros sítios que não devem ser chamados para este assunto.
O cheiro da merda dos cavalos é pestilento, nada comparado com o cheiro quase agradável da merda antiga, do tempo em que os cavalos não eram alimentados com rações compostas.
As noites são infernais, com uma mistura de bebados e bebedas, a que se junta música em altos berros, flamengo foleiro, ténis de todas as marcas, camisolas de Rugby, umas T'shirt's de uso feminino descaídas que deixam o ombro á mostra, bem como uma alça do soutien, normalmente com laivos de sujidade da boa. 
Actualmente já não se houve frases do genero: Apresenta-me a tua prima ou a tua amiga. Está quase tudo apresentado e a tutear-se, e muitos a comerem-se como se não houvesse amanhã.. 
Os urinois públicos são os mesmos mas com bichas maiores á porta e a urina a invadir todo o chão como se das cheias de Lisboa se tratasse. As das senhoras, não sei mas faço ideia....
Encontrar com quem falar de cavalos e equitação com propriedade e humildade é tão dificil como encontrar um "milho-rei" numa escamisada...
Os capotes Alentejanos que tinham as suas cores genuínas, foram adulterados por todas as cores. Só me falta ver os capotes com a marca á vista tipo "LACOSTE". Já há selas Azuis cueca, vermelhas e verdes...
Nas casas de comidas só há vinhos Alentejanos e do Douro, nada de vinhos ribatejanos...
As linguas Portuguesa, Alentejana, a Espanhola e mais tarde a Francesa, que se falavam na feira, deram origem a uma invasão de tantas outras linguas, que mais parece que a Golegã é uma "Torre de Babel"...  
A Golegã de hoje é diferente; será que a malta nova é que sabe ???...

Antigamente, quando comecei a ir à Golegã éramos levados na paixão pelos cavalos e pela equitação, e depois bebíamos uns copos e por vezes havia brigas.
Hoje em dia é ao contrário, a malta nova vai à Golegã para beber uns copos às vezes brigam e vêm passar uns cavalos.
Mudam-se os tempos... mudam-se as vontades.
Também eu, nos meus tempos de jovem, apanhava na feira - além dos cavalos - grandes "cadelas", mas havia um aspecto marcante em relação aos dias de hoje, que se resumia no facto de estarem menos meninas na feira do que acontece agora, e ainda por cima, as que lá iam eram ponderadas, recatadas, discretas e virgens. Hoje não é assim, tirando as excepções que sempre confirmam a regra.
Como devem imaginar não sou puritano, falo disto por invejoca..
Pessoal jovem, embebedem-se, beijem-se, mamem-se, andem à porrada, porque eu só falo disto porque a minha idade já não me permite essas loucuras, porque doutra maneira eu era o primeiro,certamente... 
Ahora com os meus 70 anos, a feira, para mim só existe até á hora de jantar, e ás vezs, sabe se lá com que sacrificio...