Nuno Gonçalo Poças, em 18.12.15
Dar um pontapé num cão é crime; abandonar um velho num lar ou num hospital é normal porque quem o faz é pobre e os pobres não têm consciência. O casamento é uma abominação que restringe a liberdade do indivíduo; mas os casais homossexuais podem casar e são os únicos que dão dignidade à figura do casamento. O divórcio deve ser facilitado; as relações poliamorosas devem ser reguladas. Um casal de homossexuais pode e deve adoptar uma criança; um casal de heterossexuais que decida ter 4 ou 5 filhos é uma parelha ridícula e beata que ainda não descobriu a pílula, o preservativo ou o sexo oral. Um homem que não aspire a casa mais que 5 vezes por semana é um chauvinista; uma mulher que tenha um marido que faz tudo em casa, excepto limpar a sanita, pode gritar à vontade porque está a lutar pela causa feminista. Pagar taxas moderadoras por abortar ofende a dignidade da mulher; pagar taxas moderadoras porque se está doente é a vidinha, tivesse usado um agasalho. Um polícia que dispara sobre um assaltante está a abusar da autoridade; um terrorista que se faça explodir num concerto está a explicar-nos que somos uns imperalistas e que até merecíamos mais. Organizar manifestações de iPhone em punho para pedir mais apoios sociais é a luta; ajudar o Banco Alimentar é fomentar a caridade e gozar com os pobrezinhos. Ser o Cajó mas usar vestidos com folhos é ser moderno - o Cajó está a contribuir para a regulação do terceiro género; ser Padre da Igreja Católica é viver na Idade Média. O mundo perfeito chegará, enfim, quando o Papa for africano, muçulmano, gay, casado, com filhos adoptados, fumador de marijuana e usar unhas de gel. Até lá, seremos uma sociedade antiquada.