Para quando o dia do AVÕ ???
Filho és, Pai serás...
Filho és, Pai serás...
Eu tenho 3 filhos e dois netos. Diz um amigo meu : "macho que é macho só dá machos".
Se ser pai é um estado que nos dá uma enorme realização, ser Avô é ainda mais extraordinário.
Que Homem extraordinário foi o meu Pai, que homens extraordinários foram os meus avôs...
O meu avô paterno, foi um homem fantástico na sua época, e que é para mim uma enorme
referência na minha vida junto com o meu pai. Já há muitos anos que não está no reino
dos vivos, mas todos os dias me lembro dele e mais vezes me devia
lembrar, porque se o fizesse cometeria menos erros.
O meu avô João Avelino Cortesão, como homem nunca vergou a servil desde os tempos de estudante da Unjversidade de Coimbra, assumindo os seus deveres e direitos de cidadania, com coragem e lisura.
Como avô tentou sempre compreender as novas gerações, mesmo quando a dinâmica do mundo ultrapassava o pensamento do seu tempo.
Como
desportista, atirou aos pombos tendo ganho variadissimos prémios.
No desporto tinha um pecadillo, para ele quando seu clube ( Académica ) perdia, ou tinha sido demasiado o azar, ou os árbitros tinham
roubado escandalosamente.
Acompanhava
o seu clube algumas vezes ao Poro ( boavista, Leixões e Salgueiros), a Lisboa (
Benfica, Sporting, Belenenses e Atlético) e a Aveiro ( Beira Mar), e
fazia destas viagens em que quase sempre o acompanhava, exercicios
culturais que hoje as autoestradas que so têm areas de serviço,
tornariam impossiveis. Ao passar Pombal, Leiria, Alcobaça, Caldas, etc,
falava-me sobre factos históricos e monumentos dando-me cultura básica
da história de Portugal.
Escrevia
bem e com acutilância - tinha lido os clássicos alguns que conheceu pessoalmente, que citava -. Tinha o
dom da palavra quando a oratória era exercitada sem lugares comuns e
primava pela erudição, e versejava com sentimento e ritmo numa
demonstração de rara sensibilidade.
Dada
a nossa estreita relação em que tudo lhe contava, antes de que eu
cometesse erros era duro nas critícas e nos avisos, depois de eu os ter
cometido era simplesmente solidário sem recriminações mesmo perante os meus pais, ajudando na
resolução dos mesmos de forma abnegada.
Politícamente
eramos próximos, como critícos do regime vigente, mas da sua parte
recebi sempre o exemplo do respeito pelos antagonistas desde que
demonstrem honestidade intelectual, enquanto sentia total desprezo pelos traidores, e uma
visão lúdica e por isso independente, da politíca.
O
ser Republicano e eu embora muito novo já Monárquico por influência de sua mulher e minha avó, dava conversas infinitas mas ricas,
porque nem ele nem eu queríamos modificar o sentir do outro, antes
respeitando-o.
Tinha um aguçado sentido de humor que só é acessivel a tipos inteligentes.
O meu pai, era uma réplica do meu avô, só que este, era talvez mais brilhante no humor, enquanto o meu avô materno era uma santa pessoa.
Se é verdade que gosto muito dos meus filhos, não é menos verdade que adoro os meus netos. Isto de ser avô não consigo explicar.
Ontem dia do Pai, fui aos Cemitérios de Ançã onde o meu Pai e o meu avô materno estão sepultados no jazigo da
familia, e a S. Silvestre onde está o meu avô João, e aí perto deles, recolhi-me e elevei o meu pensamento
para quem me marcou para toda a vida, enqunto curto a saudade e a pena
de que os meus filhos mais novos e os meus netos não os tivessem conhecido
...
Para quando o dia do avô ???