Cantei dezenas de vezes com o João, ora na taberna do Embuçado, ora em sua casa em Pintéus, ora em casa de amigos, ora em espectáculos de beneficência...
Na última vez que cantei com ele, numa noite fadista em casa do António Pelarigo. dediquei-lhe um fado e disse: "João dedico-te este fado, como agradecimento pela categoria que aportaste ao fado"...
Efectivamente há um fado diferente no que diz respeito ao valor e qualidade dos poemas cantados, antes e depois dele, porque o João roçou o popular sem ser popularucho, e penetrou na boa poesia sem armar em intelectual...
Á parte do fadista houve o homem e a sua cidadania. Foi monárquico convicto, sem procurar protagonismo junto de Suas Altezas, antes servindo com LEALDADE e NOBREZA...
Esvreveu verdades como esta .
Portugal foi-nos roubado
Há que dizê-lo a cantar
Para isso nos serve o Fado
Para isso e para não chorar
5 de Outubro que treta
O que foi isso afinal
Dona Lisboa de Opereta
Muito chique por sinal
Sou português e por tal
Nunca fui republicano
O que eu quero é Portugal
Para desfazer o engano
Os heróis republicanos
Banqueiros, tropa, doutores
No estado em que ainda estamos
Só lhe devemos favores
Pois é, meu querido amigo João, "acabou o Arraial"...