Há coisas que não dá para entender. Numa altura de crise não falta dinheiro para gastar na Golegã e custe o que costar todos vão mesmo não gostando de cavalos.
Alguma coisa de raro se passa, mas lá que isto não é normal e roça o absurdo, ninguém terá dúvidas.
Diz o dicionário : "absurdo = paradoxal, contraditório, sem razão, contra-senso.
Quando penso neste desvario a que estamos assistir, encontro-me entre o riso de Demócrito às lágrimas de Heráclito: “Demócrito e Heráclito”lembra Montaigne, “foram dois filósofos, o primeiro dos quais, achando vã e ridícula a condição humana, só saía em público com um semblante zombeteiro e risonho; Heráclito, sentindo piedade e compaixão por ser essa mesma a nossa condição , trazia o semblante continuamente entristecido, e os olhos carregados de lágrimas…” Por certo não faltam motivos para rir ou chorar, perante o que estamos a assistir.
Mas qual é a melhor atitude? O que vive o real, que não ri nem chora, não dá resposta á dúvida que nos assalta ao pensar no absurdo dos gastos supérfluos. Isso não quer dizer que sejamos contra cada um faz o que mais gosta desde que não interfira na vida dos outros, fazem a escolha que lhe aprouver, e essa escolha, logicamente, não tem que depender dos outros.. e eu faço a minha. Eu diria antes que ela nos constitui, nos permeia, com risos ou seriedade, risos e seriedade, que nos faz oscilar entre dois pólos, uns pendendo mais para o superfluo, outros mais para o real…
Resumindo, perante a loucura total, navegamos nem tanto ao mar, nem tanto à terra, pretendendo apenas, nesta exposição, dado o facto de que o tema é o mundo do cavalo, investir contra a grande e complexa questão irresolvida dos verdadeiros ou falsos apaixonados do cavalo, ou do suicídio, ou do masoquismo, ou sabe se lá de quê...