Amada por uns contestada por outros, a tauromaquia e a arte de tourear fazem parte de uma tradição bem portuguesa, não se vai aqui neste artigo criticar ou apoiar o que quer que esteja relacionado com ela, mas sim evocar essa tradição, assim como os locais onde se praticou e continua a praticar na cidade de Lisboa.
Na cultura da Península Ibérica, o chamado Circo de Termes, parece ter sido um local sagrado onde os celtiberos praticavam o sacrifício ritual dos touros. A estela de Clunia (pedra com esculturas em relevo), é a mais antiga representação do confronto de um guerreiro com um touro.
As representações taurinas de variadas fontes arqueológicas encontradas na Península Ibérica, tais como os vasos de Líria, as esculturas dos Berrões, a bicha de Balazote ou o touro de Mourão estão, quase sempre, relacionadas com as noções de força, bravura, poder, fecundidade e vida, que simbolizam o sentido ritual e sagrado que o touro ibérico teve na Península. O registo pictórico mais antigo da realização de espetáculos com touros remete à ilha de Creta (Knossos) e esta arte está presente em diferentes vestígios desde a antiguidade clássica, sendo conhecido o fresco da tourada no palácio de Cnossos, em Creta. O imperador romano Júlio César, durante a exibição do designado venatio (espetáculos nos anfiteatros onde os protagonistas eram animais selvagens), introduziu uma espécie de "tourada" onde cavaleiros da Tessália (antiga região administrativa da Grécia), perseguiam diversos touros dentro de uma arena, até os touros ficarem cansados o suficiente para serem segurados pelos cornos e depois executados. O uso de uma capa num confronto de capa e espada com um animal numa arena está registado pela primeira vez na época do imperador Cláudio.