Crónica de Leonor Barradas sobre os cartazes
Um mundo de pormenores!
São grandes, pequenos, de mão! E de mão em mão são levados por gente que os lê, que os olha, que os comenta! No café, na parede, na cabine, na porta! Estão por todo o lado e levam a tauromaquia a todo o lado!
São os cartazes!
De muitas cores, com letras mais ou menos pequenas, com muitos ou poucos nomes, carregam numa só folha informações preciosas para o aficionado. Dizem os locais, as horas, os protagonistas e em letras pequenas ainda nos contam os preços.
Num só olhar reparamos neles, paramos, lemos e comentamos. Reparem que sempre que um cartaz anda de mão em mão há sempre um comentário sobre o cartel. Se os cavaleiros são bons? Se a ganadaria é brava? Se os forcados são os melhores? Fazem-se comentários e às vezes apostas. Se há gente ou não? Se os bilhetes são caros? Se o tempo vai estar bom?
O cartaz da corrida é o ponto de passagem entre o aficionado e a Festa!
É ele, a quem tão pouco ligamos, que nos informa. Que nos leva ao lugar, que nos faz bater palmas, emocionar, ouvir a música, vibrar com o toureio de frente, com verdade, com alma. Como é que um simples papel, mais ou menos fino, conforme o seu tamanho, nos dá tanto? E nós só depois é que reparamos que lhe ligamos tão pouco!
Passamos de carro, a pé, de bicicleta, e num lugar qualquer deste país, lá estão eles.
E quando o semáforo fica vermelho olhamos para o lado e enquanto a espera acontece sabemos onde, quando e com quem, será a corrida!
A Festa dos toiros também é feita destes pormenores pela qual nunca perdemos tempo a pensar! São os simples e coloridos cartazes, alguns com boas fotografias, outros ainda em tom tradicional, que nos preenchem a agenda em cada temporada!
Porventura o aficionado já reparou que eles saíram à rua mais uma época?! Aparecem ainda de forma tímida, contando estórias de festivais e por vezes trazendo informação tão importante para ajudar quem precisa, senão fossem eles não saberíamos como contribuir em corridas de beneficência.
As novas tecnologias são o presente e o futuro, e apesar de já os divulgarem, ainda não conseguem substituir o cheiro, a cor e o comentário que nos leva o olhar por um cartaz.
Levam-se na mão. Olham- se na parede. Colam-se na montra do café. Deitam-se ao ar mas corridas e estão sempre onde devem estar e levam sempre a informação que tem de levar: divulgam a festa a todos nós.
Depois esquecem-se. Depois rasgam-se. Pouco importa. O que fica é a praça cheia que os viu antes. Quando terminar de ler este apontamento olhe para o lado, talvez na sua rua, na parede daquela casa velhinha ou junto à chávena do seu café esteja um.
São os cartazes que percorrem um país. São os cartazes que democraticamente chegam a toda a gente. E quer se acredite ou não, naquele lugar, por mais recôndito, pequeno e esquecido que seja ou esteja…há sempre um cartaz a dizer-nos que a corrida está para breve, que os nossos cavaleiros estão lá, e que grupo de forcados vai estar.
De cores fortes e cheiros ternos.
Chegam até nós…e são também estes os pormenores que fazem toda a diferença! Tenho a certeza que depois de ler este texto vai pensar neles!
Ah e entretanto chegou até mim mais um! E num pensamento muito íntimo digo para mim…a esta corrida talvez vá!
Digo eu e cada um de nós. Olhamos, comentamos, vimos e vamos!
A Festa dos touros também é isto!