GENTE DIFERENTE
Gonçalo Maria Gomes
De pequeno apesar de gostar de ir às corridas, treinos, ferras e de estar sempre em contato com o GFAL, nunca demonstrou querer ser forcado.
Quando jovem ligava mais ao bodyboard, até que começou a ter aulas com o avô para tourear a pé, mas nunca pensou em ser toureiro, gostava sómente de saber tourear a pé.
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Em 1994 e 1995, começaram a aparecer no Grupo jovens com a idade dele e foram eles que lhe despertaram o gosto em ser forcado.
Fardou-se pela 1ª vez no domingo de Páscoa de 1996 no Campo Pequeno e pegou o seu 1º toiro nesse ano no Redondo.
Em 2002, no dia antes do seu casamento o grupo foi pegar à Póvoa de Santa Iria e nunca pensou que se iria fardar. Também se fardou nesse dia o seu irmão que seria o padrinho de casamento. Pois bem, ao 1º toiro da corrida, um Grave, foi o irmão escolhido. Á 1ª tentativa saiu o irmão magoado e o escolhido para o dobrar, foi o noivo...pegou à 1ª tentativa e o casamento correu bem...
Até 2008, ano em que se retirou, pegou em quase todas as praças onde o Grupo actuou, tendo pegado também em Macau, Califórnia e Açores.
Em 2010, com a mudança de Cabo e ciente das dificuldades que surgem sempre que há uma mudança de cabo, decidiu regressar por um ano e ajudar o Grupo nessa fase transitória.
Os anos foram passando, e ainda hoje continua no Grupo, sendo o forcado que dá mais confiança a todo o Grupo e que ainda hoje se oferece para as dobras.
É admirado por todos pela experiência, humildade e personalidade, transpondo essa personalidade para a arena, sóbrio, calmo e perfeito no momento da reunião.
Não gosta de referir o nº de toiros pegados, como é fácil de perceber pela personalidade que prima pela discrição.
O Gonçalo tem 36 e é pai de dois filhos, o Pedro Maria de 5 anos e o Gonçalo Maria de 2 anos, que talvez um dia venham a ser forcados ou toureiros para manter a tradição familiar.
Conheço o Gonçalo desde muito miúdo e sempre admirei a swua forma reservada e discreta de estar no mundo. A exuberância que tantas vezes serve de suporte a exageros daquilo que não foi vivido, a humildade que põe á mostra a verdadeira dimensão daquilo que cada um é realmente e a serenidade que só os valentes são capazes de exibir, são apanágio deste forcado e deste homem que ficará surpreendido por eu escrever dele por nunca se julgar merecedor de encómios.
Se mestre Nuno Salvação Barreto fosse vivo seria seu admirador convicto, porque o Gonçalo é sempre o forcado das horas menos boas, e porque gosta do GFAL duma forma eivada quase de religiosidade.
A sua forma de estar nos treinos ou nas corridas é igual, põe por diante os interesses do grupo deixando a cada um o seu lugar, quando a idade lhe permitia porventura um estatuto diferente.
Nas relações com os mais novos tem a força da palavra cordata e séria porque transmite confiança.
A amizade cultiva-a como aprendeu, com dignidade e com a tolerância e entrega de um tipo sereno e bem formado.
Não preciso de dizer que sou amigo do Gonçalo Maria Gomes, mas aproveito esta ocasião para lhe agradecer a amizade que dedica ao meu filho, mas acima de tudo aproveito para agradecer o exemplo que lhe dá.
Homens assim dão dimensão á alma de FORCADO.