É uma honra para o "sortesdegaiola" poder contar com a colaboração regular da Srª. Dª Margarida Comprido.
Esta Srª, neta do distinto aficionado José Comprido que foi o Melhor amigo de José Mestre Batista, colaborou já com apontamentos e crónicas Taurinas na imprensa regional, e do seu saber e da sua sensibilidade, irão os leitores saborear nas crónicas "PALAVRAS DE AFICIONADA". A nós não nos surpreenderá porque a conhecemos há muitos anos e com ela sempre trocámos impressões, ainda que esta Senhora prime pela discrição.
Fui a Olivença para ver touros, mas o que eu gostei mesmo foi de ver a novilhada e claro o novilho que foi indultado. Que investida franca, nobre, que bravura e casta, que suavidade... Boa apresentação e uma pelagem que pessoalmente me agrada.
Foi também em alguns momentos de conversa que questionei até que ponto é difícil julgar e avaliar as lides, porque embora do ponto de vista técnico existam regras, a diferença está na arte e isso só alguns toureiros possuem. E aqui surgem as discussões saudáveis quando apaixonados pela festa dos touros, partilham as suas verdades que são sempre únicas, porque único é o sentir e consequentemente o ver.
Já tinha para mim que a arte do toureio é composta por momentos de criatividade pura e igualmente efémera, mas quando casualmente comecei a tentar fotografar esses momentos, a plenitude chegou-me à alma.
Foto - Marg Comprido |
Esta maratona tauromáquica foi rica em muitos aspectos, alguns inesperados e difíceis que deixaram claro o quanto é importante preocuparmo-nos com os outros, mesmo quando eles são desconhecidos e isso marca a diferença... Como diria a Minha Avó Vergelina “Vimos ao mundo com duas missões: uma é ajudar o próximo, a outra é viver intensamente tudo o que nos acontece na vida”.
Foi isso que me aconteceu, de repente, tão longe, senti-me em casa: ao ver a exposição de pintura tauromáquica, ao partilhar as refeições em piquenique e até quando senti a “fiesta”.
Se realmente nem tudo o que parece é, tive oportunidade de fazer renascer a imagem que tinha em criança sobre a tauromaquia, onde a essência era a partilha e o encontro entre amigos.
Hoje sei que o mundo dos touros não é apenas o que descrevi, existem aspectos bastante negativos, mas o que quero guardar é o bom.
Termino com a minha verdade, que aquele novilho “personifica” que é possível encontrar dentro da unicidade de cada um de nós a frontalidade, a nobreza, o carácter, a verdade e a suavidade, na nossa relação com os outros e o nosso maior “poder” é podermos escolher ser assim.
Apesar das colhidas da vida acredito que vale sempre a pena.