"O Inferno do cíume"
A propósito dos ciumes artísticos no mundillo, que se notam mais durante a temporada, tirei do poema "O inferno do ciume", versos de tão famoso autor por vezes tão mal compreendido, versos que encerram uma mensagem sempre actual, como quase tudo o que foi é e será escrito, por grandes génios.
O dito poema começa com o primeiro verso que transcrevo
“Em vão pregador rançoso….”
As reticencias representam 5 versos mais, que definem o “pregador rançoso”, aos quais se seguem:
Que á razão embota o gume; (Embotar = arredondar)
Não, não há tartáreo lume,
Que devore a Humanidade:
Sabeis vós o que é verdade?
O inferno do ciúme.”
A obra donde tirei estes versos é toda uma elegia ás consequências perversas do ciúme. O ciúme como sabeis, não é um sentimento exclusivo do amor, ele faz-se notar, no trabalho, no desporto e nas artes sobremaneira. Quando a este se juntam complexos de superioridade e pior se forem de inferioridade, estamos perante um caso patológico designado por ciúme doentio.
Pois bem meus senhores; o mundo do toiro está invadido como nunca, por esta doença que se tornou quase numa epidemia na “Festa”, cujos sintomas se manifestam em ressaibos nítidos e permanentes.
As guerras de empresários com empresários - toureiros com toureiros, forcados com forcados, imprensa com imprensa e todas as outras que existem entre as demais combinações de agentes taurinos -, se passarem da rivalidade natural á inveja, e consequentemente ao ciúme, são do pior que pode haver...
Há que diferenciar o ciúme das rivalidades sadias; estas porque são sadias e não minadas pela invejoca, são úteis e até mesmo imprescindíveis á “Festa”. Aquelas outras, que tem o empresário A com o B, só porque o A chegou ontem e tem mais sucesso ou porque o B já está instalado e tem obra feita, ou o toureiro C em relação ao D só porque o público gosta mais do D, ou ainda porque o jornal E e o site F são mais lidos ou visitados, e por aí fora, acabam por virar o feitiço contra o feiticeiro.
Aqueles que são invadidos por ciúmes doentios no amor, do tipo: “Já olhaste 4 vezes para aquele lado”, ou, “Tu queres ir ao café mas é para ver fulano” etc. segundo as estatísticas têm mais possibilidades de serem cabrões…
Como exercício de pensamento, meditem nestes outros versos do poeta referindo-se ao ciúme:
“Esse abismo, esse Orco eterno
Não é filho da razão;
Os pavores da ilusão
È que pariram o inferno”.
O SENHOR, Manuel Maria Barbosa du Bocage, usava uma linguagem vernácula quando achava oportuno, todavia foi um dos maiores poetas da língua Portuguesa e cmo se prova, sabia bem o que era o ciúme…