A Revista - "Òh tempo volta p’ra trás"
Hesitei
antes de escrever esta crónica, mas… não consigo calar a
revolta pela forma como vejo tratada não raras vezes com
fundamentalismos, a geração actual do toureio a cavalo pelo simples
facto de praticar um toureio diferente, um toureio moderno, tão do
agrado do grande público.
Cada
geração tem as suas coisas boas e as suas coisas menos boas, e é
importante o discernimento, para compreender as épocas que vamos
atravessando ao longo da vida, sem saudosismos bacocos, recalcamentos
visíveis ou mesmo complexos profundos.
As
artes evoluem e em paralelo evoluem igualmente a forma de estar dos
artistas no mundo, sem que isso diminua o valor de cada qual.
Que pensaria Rembrandt de Picasso ou Dáli?
Que pensariam Mestre do Sardoal ou mais recentemente Malhoa de Gargaleiro ou de António Sena ou do meu amigo Mário Silva?
Que pensariam Artur Ribeiro ou Max de Abrunhosa?
Certamente
que os pintores e cantores doutras épocas, ficariam estupefactos com
conceitos tão diferentes das suas artes, mas por cortesia e
inteligência, certamente que sem complexos, logo tentariam compreender
essa realidade, analisando-a á luz do mundo actual.
Desancar
no toureio moderno, na postura social-taurina dos artistas, nos
critérios empresariais e ganaderos, da actualidade etc., é um
desenquadramento inequívoco da realidade, que expressa na maioria dos
casos um mundo de frustrações denso.
Na
revista “Oh tempo volta p’ra trás”, ridicularizava-se sentires
semelhantes mas não ofensivos, aquilo a que assisto. é a um desvirtuar,
muitas vezes com avinagramentos.
Não
é preciso, e muito menos é de bom gosto, dizer mal de quase todos e
quase tudo, para elogiar alguém, cantando em pindérico “Oh tempo volta
p’ra trás”…