Helena foste uma das pessoas com mais sensibilidade hípica que conheci...
Já passaram mais de duas décadas que estiveste em minha casa, mais de dois anos. Fui teu apoderado e sou teu admirador profundo e amigo. Passado este tempo, mais as décadas de aficionado anteriores ao ter-te conhecido, afirmo hoje aqui, sem sombra de dúvidas, que foste das pessoas que montam a cavalo que conheci, uma daquelas em que mais senti a sensibilidade hípica, a alma de artista e a mais profunda aficcion.
No meu País, apresentaste-te na Chamusca e toureaste em Vila Franca, Salvaterra, Alcácer, Sobral, Cartaxo, Azambuja, Montemor o Novo, Figueira da Foz, Arruda, Estremoz e Portalegre - em algumas destas praças mais que uma vez- e em outras que não me vêm agora á memória. Alternaste muito dignamente, naquelas épocas com Francisco Cortes, José Manuel Duarte, Marta Manuela, Rui Hipólito, Ana Batista, João Guerra, António Ferrera (hoje conceituado matador de toiros) e outros que naquela altura despontavam...
Acompanhei-te durante um ano em França ( no teu País) onde te apresentaste em Saintes Marie de la Mére ( onde foste colhida violentamente de forma aparatosa), toureando ainda nessa temporada em S. Vicent de Tiroz, Baionne e Dax, alternando com J. Maldonado Cortes, Bastinhas, Ant. Ignacio Vargas, Luc Jalabert, Vasco Taborda e outras figuras dessa época...
Com tantas dificuldades que te apareceram pelo caminho abandonaste o sonho, tu que começaste por querer tourear a pé...
Desta tua passagem pelo mundo do toiro, fica a tua dignidade, a tua elevação moral, os amigos que conquistaste com lealdades, e o facto de ficares na história, por teres sido a única pessoa a tourear num cavalo Trotton ao qual chamavas Dominó.
O rejoneio estava-te no sangue e ocupava-te o pensamento todo o dia e todos os dias.
Foste uma romântica e digna seguidora de Ema Callais ( a mãe do toureio a cavalo no teu País), e por ser assim, escrevo-te esta carta pela nossa amizade e "PR'A QUE A TERRA NÂO ESQUEÇA"...