Pode parecer descabido este tema, mas vejamos:
Nesta época, uns mascaram-se de benfeitores, outros de amigos, outros usam uma mascara de cordialidade em familia que disfarça antipatias e até mesmo ódios, e muitos dos que não usam máscara alteram o facies de maneira burlesca.
Parece que todos têm a obrigação de serem bonzinhos, de que tudo está em paz, para depois tudo terminar no dia seguinte como carnaval.
Pais separados encontram-se com filhos e netos, em modo civilizado, quando os recalques são evidentes e não há máscara que os disfarce.
Irmãos e cunhados encontram-se e ceiam juntos, mas além de piadas ditas ao serão de forma pouco perceptivel, no dia seguinte voltam á posição inicial.
As igreijas enchem-se porque é bem. Aqueles que só lá vão neste dia ou aos funerais, nem participam da celebração, limitando-se só a ver quem está, enquanto elas tiram modelos de toiletes e invejam algumas por estarem mais magras ou simplesmente porque têm um Vison.
As ceias são verdadeiros festivais de alarvice, e nesses momentos em que já não cabe um filhó, ninguém se lembra dos pobres.
Aquelas que traem os maridos mas querem manter o status, oferecem gravatas, camisas e cascóis, em embalagens bonitas com laços farfalhudos, enquanto os que têm amantes e são espertos dão a mesma água de colónia ás duas para não haver confusão.
Os Velhos recebem invariavelmente, chinelos, pijamas quentinhos, mantinhas e roupões. Os leitores já sabem que quando começarem a receber estes artigos, estão com os pés pr'á cova...
As crianças recebem tudo o que é brinquedo menos livros, e uns pijamas e camisolas um numero acima porque estão a crescer, peças para as quais os PIQUENOS se estão literalmente cagando, e por pureza, estes não enfiam a máscara de felicidade por receber tais presentes...
Para terminar, afirmo que porque sou marreta não uso máscaras.Eu sei que podem achar que esta esta minha forma de viver o Natal sem máscaras é bizarra, mas é a minha....