Celebrar uma data importante com direito a guloseimas tem sua provável origem nas festas de culto aos deuses da Antiguidade.
Bolo Rei...
Reza a lenda que este doce representa os presentes oferecidos pelos Reis Magos ao Menino Jesus aquando do seu nascimento. A côdea simbolizava o ouro, as frutas secas e cristalizadas representavam a mirra, e o aroma do bolo assinalava o incenso. Ainda na base do imaginário, a existência duma fava também tem a sua explicação: Quando os Reis Magos viram a Estrela de Belém que anunciava o nascimento de Cristo, disputaram entre si qual dos três teria a honra de ser o primeiro a entregar ao menino os presentes que levavam. Como não conseguiram chegar a um acordo e com vista a acabar com a discussão, um padeiro confeccionou um bolo escondendo no interior da massa uma fava. De seguida cada um dos três Magos do Oriente pegaria numa fatia. O Rei Mago a quem tocasse a fatia contendo a fava seria o que entregaria em primeiro lugar os presentes a Jesus. É claro que isto é só uma lenda, históricamente falando, a versão é diferente. Aproveitando um inocente jogo de crianças, caracteristico do mês de Dezembro, a igreja católica decidiu relacioná-lo com a Natividade e com a Epifania, ou seja, com os dias 25 de Dezembro e 6 de Janeiro. A influência da Igreja na Idade Média determinou que esta última data fosse designada por Dia de Reis e simbolizada por uma fava introduzida num bolo, cuja receita se desconhece. O Bolo Rei terá, aliás, em França no tempo de Luis XIV para as festas do Ano Novo e Dia de Reis.
Bolo de Anos...
Temos que agradecer à deusa Ártemis, celebrada pelos gregos como a matrona da fertilidade, pelo aparecimento do bolo de aniversário.
Há especialistas que defendem outra teoria. Segundo ela, a tradição surgiu na Alemanha medieval, onde se costumava preparar uma massa de pão doce no formato do menino Jesus no Natal. Depois essa guloseima seria adaptada para a comemoração do aniversário de crianças.
Já o uso de velas teria sido herdado do culto aos deuses antigos, tendo o fogo destas a missão de levar, por meio da fumaça, os desejos e as preces dos fiéis até o céu, para que eles fossem atendidos.
Nos dias de hoje ninguém aprecia verdadeiramente comer os “bolos de anos”, tal como há poucos verdadeiros apreciadores de Bolo Rei, então os bolos de anos, aparecem depois de uma refeição melhorada e normalmente apresentam-se vulgaríssimos produtos de pastelaria de capa branca ou mais ou menos colorida, com bonecos mais ou menos idiotas e uns dizeres banais, do tipo: “ PARABÈNS ou FELIZ ANIVERSÀRIO.
No fim das ceias de Natal, cresce invariávelmente Bolo Rei, e nas festas de anos vêm-se sempre os pratos abandonados , com fatias intocadas, com meia fatia, um quarto, um quinto, etc., e a estas variantes temos que juntar aqueles convidados que se enchem de coragem e dizem: “Não quero, muito obrigado”. Há ainda o caso dos que aceitam a famigerada fatia e a compartem com as mulheres ou com os filhos e os mentirositos que depois de mamarem, mousse de manga, gelado e pudim á tromba estendida, dizem: “Gostava mas não posso por causa dos diabetes”.
Resumindo, ninguém é contra o Bolo Rei ou contra os “bolos de anos” mas ninguém é apaixonado por eles.
Com todas estas variantes atrás citadas faço agora um certo paralelismo com o mundo do touro.
Há de facto toureiros que são como o Bolo Rei ou como os bolos de anos, ninguém desgosta deles sobremaneira, mas também ninguém gosta deles á séria e poucos os repudiam.
Os artistas “bolos de anos” existem e não são maus, mas era importante que se tornassem apetecíveis.