No tempo do Senhor meu pai, não havia greves, nem horários de trabalho, nem segurança social que cobrisse os seus honorários. Eram chamados a qualquer hora da noite ( muitas noites mais que uma vez), e com o dia cheio arranjavam sempre tempo para os filhos. Tinham ainda tempo para ler livros conhecendo assim as obras de todos os clássicos da nossa literatura .
Eu sei que em tempos passados os médicos iam ver os doentes a cavalo e só cobravam quando havia dinheiro, mas a muitos ainda sobrava tempo ara escrever e bem, basta reparar em Júlio Dantas, Henrique de Barros, Fernando Namora, Júlio Diniz, Miguel Torga, Jaime Cortesao, Francisco M. Manço (Pseudónmo Framar), todos eles homens de enorme sensibilidade.
Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, hoje em dia os médicos conhecem marcas de bom vinho, bom whisky, bom gin, automóveis topo de gama já foram a Varadero, ás Bahamas e ás Malvinas etc. e têm um apartamento no Algarve...
Sendo o meu pai um humanista como todos os citados, isso não invalidava que normalmente gostassem da caça e muitos gostavam igualmente de corridas de toiros, ou se não gostavam não eram contra…
Tinham todos ideias definidas politicamente desde os tempos de estudante, das quais não abdicavam ao sabor do vento ou de interesses…
Transmitiam educação aos filhos, mesmo com uns tabefes de quando em quando que não traumatizavam ninguém..
O Senhor meu Pai, foi um homem daqueles que encarnaram o exemplo tipificado ao longo desta croniqueta…
O seu exemplo Pai, é a luz que eu faço tudo para que ilumine o meu caminho...
