terça-feira, 14 de janeiro de 2014
Uma crónica com 3 anos ainda hoje é actual....
Escrevi esta crónica há já 3 anos inspirado num poema de D. Marilia Caetano, que infelizmente se mantém actual….
Foge-nos entre os dedos, toda a areia,
Se na mão apertarmos um punhado,
Para conservá-la usemos do cuidado
Que tem a aranha a construir a teia….
Estas palavras sábias dum poema de Marília Caetano levaram-me ao reflexo das mesmas no “mundillo”, alagando-me a memória três evidencias actuais.
1º - As razões do êxito de alguns empresários.
A explicação é fácil. Oferecem ao público o que este quer ver, além de aligeirar os preços tornando o espectáculo acessível a mais gente, Fomentando assim a Festa, e o resultado de bilheteira de uma praça sua quase cheia, é com certeza maior que o de uma praça meia com preços altos.
Resumindo, plagiando a quadra que titula esta crónica, apetece dizer:
Não lhe foge das mãos a areia, porque não quer apertá-la num punhado.
2º - Os êxitos recentes da Forcadagem
A corrida tem que ter emoção, e se esta não lhe é dada pelo toureio a cavalo, o digníssimo público sedento dessa emoção vê nas pegas os momentos maiores. Acresce a esta circunstancia o facto de os toiros “Português Suave”, muito próximo do manso, reagirem forte por cobardia a serem agarrados, dando por isso pegas espectaculares. Não podemos também esquecer a razão forte, de se encontrar a arte de pegar num dos momentos mais altos da sua história
3º - O toureio a cavalo actual
Como me dizia há dias o mestre Simão Comenda.
No actual toureio a cavalo, salvo raras e honrosas excepções, imita-se o numero do A, do B, do C, tentando apertar na mão toda a areia(os números dos outros).
Poucos são os que desenvolvem um toureio próprio como faziam Batista, Zoio e Veiga e mais tarde Moura, Caetano e M. Jorge, por exemplo.
Hoje quase sempre recorta-se o toiro - tirando-lhe poder -, não o correndo.
Lembram-se que antigamente, no correr dos toiros começava a emoção?
Hoje, a emoção existe só nos primeiros curtos porque nos últimos já não há toiro nem talento para entusiasmar o público.
Atenção: “tem outro sabor um fim empolgante…”. (marotos!… Não me refiro ao que muitos estão a pensar)
E a propósito do que acabo de dizer no que toca á emoção duma forma geral e á originalidade de cada um, cito outro trecho da poetisa que inspirou esta crónica.
“A arena é tela do toureiro!
Nela terá que pintar
Com arte, com cor, com vida
O quadro ficará
Na mente de quem o vê.”
Poucas são as actuações hoje em dia (mesmo só um ferro)que ficam na nossa mente?
Dá que pensar…