Meu caro amigo João:
Esta época para ti, foi atípica por não toureares o numero de corridas que te é habitual. Haverá razões que te assistem no que toca, por exemplo, ao não pactuares com um certo laxismo de algumas empresas no que diz respeito a condições de contratação. Eu sei que a interpetarás esta época menos activa, como uma opção circunstancial que em nada te tocará na moral, antes pelo contrário, buscarás na raça e na busca da perfeição, a resposta para te continuares a impor, bem como dares aos aficionados aquilo que esperam de ti.
O teu toureio é singular, não pretendendo com isto dizer que é o melhor. Recebes os toiros sem os quebrar, nos compridos citas de praça a praça aguentando para reunir num limite próximo do local do cite ou até mesmo recuando ligeiramente na cara do toiro, numa heresia desafiante que se intromete no ritual tauromáquico vulgar. Nos curtos consegues levar a emoção a um nivel raro. O arranjo dos teus cavalos é um regalo para os apaixonados da boa equitação. O teu lidar tem sentido e é bonito de ver pelo repouso, não pactuando tu com os exageros de voltas e reviravoltas em galopes desordenados de lado, que nada têm que ver com galope ao revés.
Na busca de uma faena, dás sentido á palavra estética, nos gestos suaves e no repouso que impões ás montadas, como agradecimento pela colaboração.
Perante tudo isto que ninguém pode negar, e depois de triunfares forte na maioria das praças do nosso País, não dá para entender não ires este ano a algumas dessas mesmas praças.
Neste momento, lembro-te que poucas coisas no mundo são mais poderosas que um impulso positivo que te vai levar certamente a um mundo de otimismo e esperança, porque nada tens que apontar á tua toureria.