MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

C. Peq. - Despedida de J. P. P. da Costa...

A despedida de Lisboa de J. Pedro Pires da Costa




GENTE DIFERENTE
José Pedro Pires da Costa


Conheço o Zé Pedro desde que nasceu, e por isso, se por um lado é para mim fácil falar dele, por outro lado torna-se dificil não cair no pecadillo da amizade, ou no risco de me faltar o talento para descrever tudo o que o torna gente diferente


Começou por tourear a cavalo em 1995 no mesmo dia que o seu amigo Manuel Lupi, para depois em 2001 prestar provas para cavaleiro praticante em Mourão, optando depois por ser forcado, fazendo o percurso inverso, ao dos saudosos Alfredo Conde e Gustavo Zenkl .


Em 2003 deixou o toureio a cavalo, quando tinha ainda uma margem enorme de progressão, e quando o mais dificil nessa arte que é a monte, se lhe apresentava naturalmente.

Quis ser forcado, e para isso escolheu com elevação o grupo que o senhor seu pai formou, onde se afirmou como ajuda tendo ainda assim, pegado 27 toiros.

Foi raidista, mas é o gosto precoce e constante pelas lides camperas que dá dimensão á sua aficcion, tal como a vivência activa nas largadas e esperas na sua Vila da Moita, terra de um misticismo sereno, que marca quem é de lá ou quem lá vai, dando a ideia que tudo ali é abençoado por Nª SRª Da Boa Viagem sempre que sai á rua na procissão, e baixa ao rio, numa cerimónia que toca mesmo os não crentes como eu.


O seu conceito de amizade é puro e constante, se bem que por vezes pode ser incomodo, porque as palavras surgem-lhe ditadas pelo coração. Mas se alguém tivesse dúvidas do que vale para ele a amizade, bastava constatar a sua dedicação a um infortunado amigo, a quem se entregou por inteiro, sem outra compensação do que a nobreza no estado puro, de ser útil, ser solidário, no fundo ser amigo de verdade .


Essa palavra amizade borda-lhe a vida, como lhe borda também a vida a paixão pelo grupo que vai deixar de chefiar, e a propósito vieram-me á ideia uns versos que rezam assim :

Foi um homem longe de enrêdos
Do cismar dos adivinhos,
Estendendo os braços de afastar os medos
Num alongar caminhos ...
De verdade.

Ao afirmar-se no dia a dia com a irreverência, por vezes levemente sombreada de loucura,  dá a dimensão de um homem inconformado, sempre que as situações passam além da sua verdade quer seja em plena época de calor,toiros, gelados e queijadas de Sintra, quer seja na época do frio, do campo e das castanhas.


Foi um bom cabo em tempos dificeis do AP. Moita, e para o provar o tempo deu tempo ao tempo. Como dizia alguém: "Perguntem ao tempo quanto tempo o tempo dá...

Agora que está prestes a abandonar a chefia do grupo, e nesta despedida de lisboa, ao meu amigo Zé Pedro, desejo-lhe na vida, um olhar ousado que é o seu, que baile flamengo e ouça fado com grandeza, sempre com ar franco e de alegria, tudo isto em aberta singeleza ... afidalgada..