MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

O neopossidonism e a Festa...

Leio tudo o que escreve o Coronel Carlos Matos Gomes no seu blogue "BISCATES", concordando ou não com o que escreve o autor. Desta vez extrai e vou publicar com a devida vénia um excerto duma crónica intituada "o Neopossidonismo", com o que julgo caber no actual mundo dos toiros. 

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O princípio orientador dos neopossidónios e neopossidónias radica na obediência à moda. São os primeiros a adotar as novidades, por vezes velhíssimas, apenas com novas roupagens. Não interessa pensar nisso. Os neopossidónios que se sucedem nos púlpitos do comentário nas televisões e jornais funcionam como retransmissores. São cães pastor que tentam conduzir o rebanho na mesma direcção, que pretendem levar os indecisos a alinharem com a maioria, que atacam os solitários e os rebeldes. A coroa de glória dos neopossidónios é fazerem que um espirito livre duvide dos seus próprios sentimentos e opiniões. São hipnotizadores falhados.

Sempre duvidei de que pedir uma fatura depois de beber uma bica evitasse a evasão fiscal, como os neopossidónios impunham: Peça fatura! Os Panamá Papers deram-me razão. Não há, que se saiba, faturas de bicas nos offshore, nem de armas, nem de drogas. Não há faturas no Panamá! Os neopossidónios andam à procura delas.

Os neopossidónios que infestam a política e o mercado do comentário e da informação têm como regra “irem a todas” e navegar na crista da onda. Têm de estar na moda nos programas da manhã, da tarde ou da noite, nas redes sociais, nas colunas dos jornais, a falar de sulfitos ou de misseis balísticos.

O possidónio nunca pensa que “estar na moda” significa que alguém desconhecido e por motivos inexplicados decidiu o que e como ele se deve vestir, calçar, comer, pensar, apoiar e rejeitar. Na economia, por exemplo, a moda é o lucro privado e o prejuízo público. O pobre é um rico incompetente. Na sexualidade, a moda é a “assumpção”. Todos têm de assumir. Na sociedade, a moda é o direito do indivíduo sobre o da comunidade. Um assaltante é, por princípio, melhor do que dois polícias. É o direito do modernaço centro comercial contra o da loja. É o direito do ruído contra o silêncio. Nos comportamentos as duas lambadas estão out, o escarro está in. O neopossidónio nunca se interroga que estar na moda é receber uma carta anónima a dizer que na próxima época devemos pintar o cabelo às riscas e vestir roupa às bolas e, no dia seguinte, ver toda a gente à sua volta de cabelo às riscas e fatos às bolas. O neopossidonismo é a ditadura do simplismo e do primário.

As redes sociais estão infestadas de neopossidónios que receberam essa carta anónima e obedecem às suas indicações com o mesmo critério canino com que as Tias de Cascais aceitam as regras do beijo de cumprimento com um ou dois ósculos.

Os neopossidónios têm sempre uma resposta para qualquer problema, normalmente um ismo: machismo, militarismo, marxismo, liberalismo, homofobismo, autoritarismo, despesismo… é só colar uma etiqueta, a mais comum é oportunismo, a seguir ao chico-espertismo.