Encontrei nos meus arquivos um artigo que escrevi e publiquei há três anos.
Por achar que nada mudou, volto a publicá-lo...
Fui á Golegã…
Fui a essa vila mágica para quem é apaixonado pelo mundo do cavalo.
Encontrei
os mesmos de sempre todos os dias, e aqueles que lá vão um dia ou outro para se
mostrarem.
A
cavalo e vestidos á Portuguesa estavam aqueles que gostam efectivamente de ser
toureiros e Portugueses.
Eu
sei que a Golegã, pese embora os esforços do sr. Dr. José Maltez e do actual presidente da autrquia, foge das
comodidades doutros certames.
Eu
sei que a Golegã, representa orgulhosamente parte duma cultura antiga, que a iliteracia reinante não entende, mas é
na Golegã e noutras feiras e romarias, que se vê o carinho e a orgulhosa
resistência dum povo que, ainda se dá ao trabalho de resistir ás tentativas de
cínico assassinato por parte duma elite trouxa, que quer nivelar por uma subcultura
que apresenta o efémero e o artificial como se fosse o genuíno.
A
Golegã ultrapassa a vulgaridade da abordagem da imprensa que se resume a umas
fotos dum tipo a assar castanhas, de duas beldades a cavalo e dum membro do
governo em visita oficial.
Negativamente, com a “Maltosa” a Golegã torna-se diferente
A
maioria da maltosa(malta nova) que vai á Golegã, não quer saber de cavalos nem
gosta. Vai porque é finório, vai porque vai, vai para dizer que foi.
Empatam
o trânsito nas ruas e nos urinóis, chateiam e chateiam-se, penduram-se em tudo
o que é casa que dê nem que seja uma azeitona, bebem qualquer merda e vagueiam
durante o dia sem ter ido á cama, como verdadeiras almas penadas.
O
dia passam-no a comentar as que comeram, o que beberam e quem estava mais bêbado
ou quem vomitou, ou ainda quem foi em coma alcoólico para o hospital de Torres
Novas.
De
cavalos nem falam, também não sabem nem gostam…
Alguns
compram bonés, outros compram verdascas para andar a dar com elas nos amigos.
Vibram
com as flamengadas manhosas que soam dos barsecos, e fumam uns “charros”.
A maioria das
miúdas dos 14 aos 18 anos,
limitam-se a emitir sons que parecem palavras, diminutivos que parecem marcas
comerciais, bebem shots e falam do “facebook”, de quem adicionou quem, quem fez
um like a quem e quem partilhou o quê, com o que isto não tem que ver com o
mundo do cavalo, nem interessa a ninguém, nem tem que ver com a tradição…
Os
dinossauros da feira sentem que há burburinho, mas já não identificam donde vem
nem o que lhe dá origem, o Alzheimer tocou-lhes consoante, mais ou menos..
A
maioria dos escribas vai porque lhe parece obrigatório…
Alguns
toureiros não vão, ou para serem diferentes ou porque não têm Pachorra..
Como eu começo a compreender estes últimos…
Como eu começo a compreender estes últimos…