A propósito da garraiada:
No rescaldo do referendo ontem levado a cabo, somente me resta dizer que estou verdadeiramente desiludido, talvez por culpa própria.
Nasci e cresci em Coimbra, envolto, desde tenra idade, num imaginário de onde constavam (e constam) as tradições, as histórias de amor, o Fado, o Mondego… Talvez por isso não tenha, em momento algum, sequer ponderado não haver estudado em Coimbra.
Fui e sou um orgulhoso estudante de Coimbra, mas depois do escrutínio desta terça-feira, 13.03.2018, não poderia estar mais desiludido com os que hoje fazem a minha saudosa academia.
Apesar da sua reles classe dirigente, que em nada dignifica os valores que tão veementemente apregoa, acreditava que havia sido formado numa academia diferente das demais. Talvez por ser um romântico e por acreditar nos ideais que, para esses inconsequentes pseudo-líderes de meia tigela não passam de bonitos chavões, ideais para colocar em discursos mal elaborados, tenha depositado infundadas esperanças na vontade da comunidade estudantil e, assim, concebido outro desfecho para esta votação.
Fui um lírico. Estava equivocado.
Ora, os estudantes assumiram uma postura leviana e irresponsável e, ao não se quererem informar, deixaram-se à mercê da manipulação da facção anti taurina. É efetivamente fácil ser-se preguiçoso e deixar-se levar pelas mentiras e pela propaganda enviesada que esta gente leva a cabo. É fácil…
Seria mais difícil se cada um de nós pensasse pela sua cabeça e se informasse acerca das nossas tradições, do que elas representam, e da forma como elas nos tornam únicos, em lugar de se deixar embebedar pela lavagem cerebral de desinformação promovida por esta gente que, com o compadrio de estruturas partidárias, cuja falaciosa atuação deixa, no mínimo, muito a desejar, alegremente nos conduz pelo caminho da falta de identidade.
Pois bem… O poder da bem oleada máquina de cacique é por de mais evidente, e Coimbra sucumbiu, uma vez mais, aos interesses políticos e aos dos seus medíocres dirigentes na política. Hoje Coimbra ficou órfã de uma das tradições que mais a diferenciava das outras academias. Hoje Coimbra tornou-se mais cinzenta, mais amorfa, mais politicamente correta, mais demagoga, mais populista, enfim, menos Coimbra!
Até quando teremos uma desprezível escola de politiqueiros malfeitores servindo-se da nossa academia, que, por capricho partidário, todos os dias atenta contra a nossa cultura, contra o nosso património, contra a nossa liberdade e contra a nossa diversidade, a troco de favores, tachos, poleiros e afins ?
Até quando, Coimbra?
Saudações (estas sim) académicas.
Rafael Espírito Santo