Sacámos do face esta crónica do Dr. Ricardo Castanheira (Conselheiro Técnico, na Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER), em Bruxelas) que pela sua pertinência e coragem, publicamos em baixo com a devida vénia.
O BURACO É MAIS ABAIXO!..
O referendo sobre a Garraiada na Associação Académica de Coimbra é uma ficção. Votaram apenas 6000 estudantes das dezenas de milhar que compõe o universo eleitoral. Qual a legitimidade deste resultado poder-se-ia perguntar?!..
Mas o essencial de tudo isto é que quem vota são sempre os mesmos - regra geral sindicatos eleitorais organizados - uma minoria que aproveita do desinteresse e do silêncio da esmagadora maioria. Neste caso, trata-se acima de tudo de compreender o alcance da Garraiada no âmbito de uma tradição académica que a Coimbra (e não ao resto do país) diz muito.
Se querem terminar com esta parcela da Queima deveriam, por maioria de razão, e não invocando os direitos dos animais (que isso é outra estória), propor-se acabar com o resto, porquanto o Cortejo virou uma fantochada sem sentido crítico (desconhecem que “a bebedeira há que ser idealista”); os Bailes um desfile de mau gosto; o fado perdeu para o Hip Pop; as noites do Parque transformadas em “rave parties” e, pelo caminho, perdeu-se o Amor à Briosa e a tudo quanto significa estudar em Coimbra.
Em suma, esta decisão de uma minoria organizada contra as tradições coimbrãs é contra a memória e contra a história de Coimbra. Ao perder-se isto a rapaziada pode ir estudar para Lamego ou para as Caldas que o resultado é o mesmo.