MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

terça-feira, 19 de junho de 2018

OBSERVADOR- Belissima Crónica em defesa das corridas de toiros...

Com a devida vénia transcrevemos esta belíssima crónica de João marques de Almeida…..










As esquerdas radicais não gostam das tradições e dos costumes portugueses. Aliás, a mera evocação da palavra tradição liberta imediatamente os seus piores fanatismos.
Como a maioria dos portugueses, cresci a ver touradas nas velhas RTP 1 e RTP 2. Não sou um aficionado – devo ter ido três ou quatro vezes ao Campo Pequeno – nem tenho família ligada aos touros, ou aos cavalos. Mas gostava de ver touradas, sobretudo o toureio a cavalo (uma arte, sem qualquer dúvida), e as pegas, um exercício de coragem e bravura humana. Parece que a Assembleia da República vai discutir a proibição das touradas no início do próximo mês, como resultado de mais uma ofensiva ideológica da coligação pró-animal ente o BE e o PAN.
Mais do que as touradas, será a defesa das tradições e da cultura portuguesa que estará em jogo no parlamento português. Além das esquerdas radicais, recordo-me que, nos tempos mais fervorosos do ‘europeísmo unificador’, Bruxelas ensaiou um ataque às touradas. Os governos espanhol, português e francês avisaram imediatamente a Comissão Europeia para respeitar as identidades nacionais. Bruxelas, entretanto, aprendeu a respeitar touradas, pão com sal, cervejas locais e outras especificidades nacionais. O ataque às tradições portuguesas vem agora das extremas esquerdas nacionais.
Como se tem visto nos últimos anos, as esquerdas radicais atacam a família tradicional, a história de Portugal e os costumes nacionais. Para esta gente, uma família de mãe, pai e filhos é uma instituição da religião católica e da sociedade burguesa que deve ser combatida e enfraquecida. Este ataque à família tradicional nada tem a ver com os direitos dos homossexuais. Pode defender-se os direitos das minorias sexuais sem se iniciar uma ofensiva radical contra a ideia tradicional de família.
Com as recentes polémicas sobre os Descobrimentos e a escravatura nas colónias portuguesas, a propósito das celebrações do 10 de Junho, também assistimos a ataques ferozes à história nacional por parte dos bloquistas. Neste caso, houve uma mistura de fanatismo com ignorância histórica. Não consigo lembrar-me de uma líder partidária tão ignorante, tão inculta e mal preparada como Catarina Martins. Nem um aluno do primeiro ano do liceu fala da história de Portugal como a senhora Martins. Há historiadores competentes no Bloco. Deviam ensinar a senhora e avisá-la para não dizer certos disparates.
Mas as esquerdas radicais também não gostam das tradições e dos costumes portugueses. Aliás, a mera evocação da palavra tradição liberta imediatamente os seus piores fanatismos. Um país é feito de hábitos colectivos e de tradições seculares. A tourada é muito mais do que se observa na arena. Há modos de vida de regiões, cidades, vilas e aldeias de Portugal que estão associadas à tourada. Numa altura em que tudo o que é dirigente político com aspirações ou com desejos de popularidade fala da defesa e do desenvolvimento do interior, convém recordar as regiões da tourada portuguesa. O fim da tourada seria um ataque violento a uma boa parte do interior do centro e do sul do país. E depois da tourada, querem acabar com a caça?
Não será fácil travar esta cruzada ideológica anti-portuguesa. Alimenta-se de um fanatismo arrogante. O que mais chocou na votação parlamentar sobre a eutanásia foi a arrogância dos derrotados, e o modo como afirmaram que a reversão daquele resultado seria apenas uma questão de tempo. As suas preferências são muito mais fortes do que a noção de democracia. A cruzada ideológica das esquerdas radicais beneficia ainda da indiferença, senão mesmo da resignação, das maiorias e da incapacidade dos partidos de centro de direita de mobilizarem os seus eleitorados para combates culturais e de valores. Por fim, as esquerdas radicais querem assustar quem discorda das suas ideias através de ataques pessoais e da negação ao direito de pensar de um modo diferente. Já alguém ouviu um dirigente do BE, a propósito das chamadas causas fracturantes, dizer qualquer coisa como ‘discordo da sua opinião mas respeito-a’. Nunca ouvirão porque quem defende uma agenda revolucionária não pode respeitar os seus adversários. Se não os puder aniquilar, deve diminui-los e ofendê-los até lhes retirar a legitimidade das suas ideias.
As esquerdas radicais defendem o direito à vida dos touros, das raposas e das lebres, mas defendem o aborto e a eutanásia. Está tudo dito sobre as suas prioridades e a sua natureza.