MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Crónica de V. Franca. Tellistas e Venturistas saborearam o toureio dos seus idolos e os apreciadores dos vários conceitos saborearam ainda mais...

Triunfo de Ant. Ribeiro Telles




















Não foi só A. R. Telles que triunfou e bem, foi igualmente a empresa que levou por diante este evento esgotando a praça, foi Diego Ventura no último toiro, em que deu a verdadeira dimensão do seu toureio e foi o Grupo de Forcados da terra que provou mais uma vez ser dos melhores do panorama taurino.

Antes da crónica, não quero deixar de divagar sobre o que me parece importante dentro do prisma social desta corrida.
Na Palha Blanco havia de tudo, desde os fanáticos que viram a corrida como um "Benfica / Sporting", reeditando assim as rivalidades tipo  "Batista / L. M. da Veiga" e "D. Viseu / Manuel dos Santos", no que estas tiveram de mau, mas havia também muitos que sabem apreciar a beleza dos diversos conceitos de toureio.
Não foi de estranhar o maioritário apoio a TELLES que se verificou logo nas reações ás intervenções dos bandarilheiros, e por momentos pensei nesta verdade incontestada : A sociedade não aceita com facilidade os "Self made men's", ou por inveja ou por recalques. Se este "mano a mano" acontecesse em Sevilha ter-se-ia invertido certamente a relação das forças. 
A propósito veio-me á ideia, aquilo que alguns diziam de Mestre Batista, e que hoje que este já não está entre nós, o idolatram. 
Olhando para as bancadas reparei no comportamento de alguns que tudo aplaudiam a um toureiro e nada ao outro, e recordo um, com responsabilidades na Festa. que abanou a cabeça ( talvez esta lhe pese) quando Ventura tirou a cabeçada ao cavalo. personagem que me lembro de ver aplaudir de pé D. Alvaro Domecq quando este bandarilhava a duas mãos no "UFANO" engamarrado, passando pelo corredor, ou nas prestações deste cavaleiro de raça e genial quando citava no "OPUS" ( tão só o cite mais brilhante que já vi) para depois partir em grande velocidade, em linha recta em sortes á tira que consumava muitas vezes com toques provocando alvoroço nas bancadas. 

Para Alvarito ( tão só dos melhores rejoneadores que já vi) havia da parte de alguns a saloiice reverencial ao que é Espanhol, a Ventura nada se lhe perdoa…

ANT: RIBEIRO TELLES

Que bem que esteve o mestre da Torrinha !!! Das vezes que o vi ao seu mais alto nível, como vi brilhar na "calhandra", no "ALTIVO" em Évora, no "Viti", no "Rondeño" em Salvaterra, no "santarém" em Lisboa, e mais recentemente no "Alcochete" práticamente em todas as praças.
Com toda a personalidade que lhe é reconhecida, não abdicou um milímetro do toureio que sempre perfilhou começando nos compridos num registo próprio, com as clássicas sortes á tira perfeitamente desenhadas, para depois nos curtos ir de menos a mais terminando sempre as lides com ferros fantásticos.
A lide ao seu terceiro toiro, num estilo clássico alindado, foi extraordinária… e comumente aceite por um público ávido de coisas bonitas.
Com 55 anos aceitar tal desafio não é para todos, é só para muito poucos..

Nota: fiquei encantado como cavalo " ferro Brito Paes ".

DIEGO VENTURA

Nos seus desempenhos, pode ter tido influência a encerrona  de sábado em Madrid, a corrida de domingo em Saragoça (700 KM) e vir directo para V. Franca ( mil e muitos Kms), mas não pode servir de desculpa porque quando aceitou as três corridas sabia o risco que corria, mas não posso deixar de destacar a morte do "Importane" e a impossibilidade temporária do "Guadalquivir", dias antes da encerrona, duas bases da sua quadra.
O que há que ter em linha de conta são os factos. 
Se no primeiro toiro ( um  Prudêncio), o pior da corrida, andou quiçá um pouco desgarrado, também é verdade que o seu 2º comprido é de longe o melhor de toda a corrida neste tércio, como também é verdade que tudo arriscou conseguindo ainda 2 curtos de grande emoção com o toiro em tábuas…
No segundo ( um Palha), que também não foi fácil, tudo estava a correr bem até que no afã do triunfo arriscou mais um quiebro pela esquerda que saiu espadeirado. A prova do seu labor está na volta que lhe foi concedida pelo exigente director de Corrida Pedro Reinhart, e que ele modestamente rejeitou.
No terceiro, abriu o livro e apresentou os argumentos que provam o porquê de encher praças em qualquer parte onde vá.
Ventura teve ainda o mérito de aceitar esta corrida com toiros destas ganadarias. Já imaginaram em seu tempo "Manzanares pai" aceitar um mano a mano com "Ruiz Miguel" com um Miura, um Pablo Romero e um Torestrella para cada um ???

FORCADOS:

Excelente esteve o Grupo de V. Franca.
Os meus maiores agradecimentos ao Ricardo Castelo que até na despedida dignificou a arte de pegar toiros.
Seguiram-se Pegas  Vasco Pereira, ao quarto intento, Francisco Faria, à primeira tentativa, David Moreira, à primeira, Márcio Francisco, à segunda e Rui Godinho, à primeira tentativa.