Não foi só A. R. Telles que triunfou e bem, foi igualmente a empresa que levou por diante este evento esgotando a praça, foi Diego Ventura no último toiro, em que deu a verdadeira dimensão do seu toureio e foi o Grupo de Forcados da terra que provou mais uma vez ser dos melhores do panorama taurino.
Antes da crónica, não quero deixar de divagar sobre o que me parece importante dentro do prisma social desta corrida.
Na Palha Blanco havia de tudo, desde os fanáticos que viram a corrida como um "Benfica / Sporting", reeditando assim as rivalidades tipo "Batista / L. M. da Veiga" e "D. Viseu / Manuel dos Santos", no que estas tiveram de mau, mas havia também muitos que sabem apreciar a beleza dos diversos conceitos de toureio.
Não foi de estranhar o maioritário apoio a TELLES que se verificou logo nas reações ás intervenções dos bandarilheiros, e por momentos pensei nesta verdade incontestada : A sociedade não aceita com facilidade os "Self made men's", ou por inveja ou por recalques. Se este "mano a mano" acontecesse em Sevilha ter-se-ia invertido certamente a relação das forças.
A propósito veio-me á ideia, aquilo que alguns diziam de Mestre Batista, e que hoje que este já não está entre nós, o idolatram.
Olhando para as bancadas reparei no comportamento de alguns que tudo aplaudiam a um toureiro e nada ao outro, e recordo um, com responsabilidades na Festa. que abanou a cabeça ( talvez esta lhe pese) quando Ventura tirou a cabeçada ao cavalo. personagem que me lembro de ver aplaudir de pé D. Alvaro Domecq quando este bandarilhava a duas mãos no "UFANO" engamarrado, passando pelo corredor, ou nas prestações deste cavaleiro de raça e genial quando citava no "OPUS" ( tão só o cite mais brilhante que já vi) para depois partir em grande velocidade, em linha recta em sortes á tira que consumava muitas vezes com toques provocando alvoroço nas bancadas.
Para Alvarito ( tão só dos melhores rejoneadores que já vi) havia da parte de alguns a saloiice reverencial ao que é Espanhol, a Ventura nada se lhe perdoa…
ANT: RIBEIRO TELLES
Que bem que esteve o mestre da Torrinha !!! Das vezes que o vi ao seu mais alto nível, como vi brilhar na "calhandra", no "ALTIVO" em Évora, no "Viti", no "Rondeño" em Salvaterra, no "santarém" em Lisboa, e mais recentemente no "Alcochete" práticamente em todas as praças.
Com toda a personalidade que lhe é reconhecida, não abdicou um milímetro do toureio que sempre perfilhou começando nos compridos num registo próprio, com as clássicas sortes á tira perfeitamente desenhadas, para depois nos curtos ir de menos a mais terminando sempre as lides com ferros fantásticos.
A lide ao seu terceiro toiro, num estilo clássico alindado, foi extraordinária… e comumente aceite por um público ávido de coisas bonitas.
Com 55 anos aceitar tal desafio não é para todos, é só para muito poucos..
Nota: fiquei encantado como cavalo " ferro Brito Paes ".
DIEGO VENTURA
Nos seus desempenhos, pode ter tido influência a encerrona de sábado em Madrid, a corrida de domingo em Saragoça (700 KM) e vir directo para V. Franca ( mil e muitos Kms), mas não pode servir de desculpa porque quando aceitou as três corridas sabia o risco que corria, mas não posso deixar de destacar a morte do "Importane" e a impossibilidade temporária do "Guadalquivir", dias antes da encerrona, duas bases da sua quadra.
O que há que ter em linha de conta são os factos.
Se no primeiro toiro ( um Prudêncio), o pior da corrida, andou quiçá um pouco desgarrado, também é verdade que o seu 2º comprido é de longe o melhor de toda a corrida neste tércio, como também é verdade que tudo arriscou conseguindo ainda 2 curtos de grande emoção com o toiro em tábuas…
No segundo ( um Palha), que também não foi fácil, tudo estava a correr bem até que no afã do triunfo arriscou mais um quiebro pela esquerda que saiu espadeirado. A prova do seu labor está na volta que lhe foi concedida pelo exigente director de Corrida Pedro Reinhart, e que ele modestamente rejeitou.
No terceiro, abriu o livro e apresentou os argumentos que provam o porquê de encher praças em qualquer parte onde vá.
Ventura teve ainda o mérito de aceitar esta corrida com toiros destas ganadarias. Já imaginaram em seu tempo "Manzanares pai" aceitar um mano a mano com "Ruiz Miguel" com um Miura, um Pablo Romero e um Torestrella para cada um ???
FORCADOS:
Excelente esteve o Grupo de V. Franca.
Os meus maiores agradecimentos ao Ricardo Castelo que até na despedida dignificou a arte de pegar toiros.
Seguiram-se Pegas Vasco Pereira, ao quarto intento, Francisco Faria, à primeira tentativa, David Moreira, à primeira, Márcio Francisco, à segunda e Rui Godinho, à primeira tentativa.