Já várias vezes citei nos meus artigos, Manuel Lima Monteiro Andrade, ex forcado do grupo de Santarém, grande aficcionado, homem apaixonado pelo seu Ribatejo e poeta enorme, que tão cedo nos deixou.
Já um dia escrevi que o seu livro de poemas tal como outros 5 ou 6 ( aos quais juntei recentemente (de Alexandria ao Cairo de Eça de Queirós) nunca sai da minha mesa de cabeceira.
Há dias voltei a abrir a sua obra e parei nuns versos seus que começam assim:
“Na paz sossegada do meu quarto
Fecho os olhos, ás vezes sonolento
E sozinho, sonho e parto
Pelos caminhos sem fim do pensamento”.
Sem querer, segui sonolento e sozinho, pelos caminhos infinitos do pensamento.
Nessa viagem sonhei como seria bom que todos os empresários fossem dinâmicos, empreendedores e inovadores.
Sonhei como seria edificante que as agressões físicas desaparecessem por completo do universo do “mundillo”.
Sonhei com o fim total e absoluto da inveja e consequentemente do ciúme, que apequena os que dela fazem uso, tornando-os dementes e mal formados.
Sonhei que cada artista - ainda que não negando as fontes onde bebeu -, tinha enveredado por soltar a sua arte genuína sem imitações.
Sonhei que se passaram a respeitar sériamente as tradições e as escolas de equitação e toureio, numa demonstração cabal de afirmação por inteiro da nossa cultura e da nossa história.
Sonhei que todas as Associações de classe defendiam por igual todos os pertencentes á sua classe, quer fossem associados ou não.
Sonhei que a imprensa tinha deixado o comodismo, o politicamente correcto, o tíbio encosto ao poder, em suma o cinzentismo… mesmo continuando a não ser totalmente independente. Dizer-se que determinado órgão da imprensa é independente, é utópico… Digo eu!!!…
Sonhei que todo o mundo taurino se tinha virado para o apoio verdadeiro aos jovens toureiros, sem a hipocrisia do: “ bla, bla, bla… porque é jovem” (como escreveu um dia M. Esteves Cardoso).
Sonhei ver os anti taurinos preocupados finalmente com problemas humanos gravíssimos, que os há, em detrimento da “pachanguice” e dos atentados á liberdade de cada um sem respeito pelas arte, história e tradição.
Sonhei que tinha passado a haver tantas iniciativas de apoio á divulgação, promoção e esclarecimento do toureio a cavalo e dos forcados, como há do toureio apeado.
Sonhei que o Europeismo se circunscrevia á economia e á estratégia militar e não se tinha tornado numa AZAE fria e global que pretende controlar as tradições.
Acordei então, e rapidamente descobri a verdade fria das palavras do poeta que passo citar, e que entremeio com uma consideração pessoal:
“Que mundos tão diferentes!...”
(E aqui acrescento o tal aparte) A realidade… e o sonho que me transportou a:(no dizer do meu amigo Manel)
Imagens sublimes e grandiosas
Recantos perdidos e atraentes
Praias de águas deleitosas…”
E agora termino com os versos que fecham o poema que me inspirou.
“No fundo sei apenas que vivi
O sonhar dum sonho transitório e brando”.