O meu Reveillon popular...
Meus senhores estou triste!!! Vem aí a passagem de ano, e eu, que não danço, não tenho dias marcados para me divertir nem para me embebedar, nem para fazer amor, nem para levar a mulher ou namorada a passear, nem para comer marisco, nem para tomar banho, nem para cortar as unhas, nem para ir ao cinema, nem para ir ao dentista, nem para nada; estou condenado nesse dia ao isolamento com mais meia dúzia de pindéricos.
Não ligo sequer a televisão porque não me anima. Já há muitos anos que não acho graça ao Herman e tenho-lhe inveja porque diz mais palavrões que eu, porque nunca teve que se divorciar, porque tal como eu não sabendo nadar ou nadando mal tem um barco e eu não, porque pinta o cabelo e eu não tenho coragem para isso e já quase não tenho cabelo.
Resta-me jantar á bruta em casa do meu amigo Filipe Graciosa, em Idanha na "Toila" com o João Barata Freixo e o Vaz Preto e respectivas mulheres, jantar supervisionado pela Srª Dª Rola Palha Figeiredo.
Quando há uns anos a passagem de Ano era em minha casa o programa gastronómico era sempre igual para os amigos que ali se reuniam.
Para fazer boca ao fim da tarde ,começava-se com uns tordos na brasa espalmados só com sal, ou á paneleiro com taroulos de toucinho de porco preto enfiado no rabo.
Jantar e ceia em simultâneo
Consome de “marrequinha” com a mesma desfiada.
Pudim de lebre acompanhado com alcaparras e pepinos anões (cornichons para os pessidónios) em vinagrete
Perdizes estufada com míscaros e azeitonas
Perna de veado e javali (perfumadas de Gerez) no forno, acompanhadas de umas putas de umas batatinhas também no forno e ainda grelos, geleia de camarinha com folhas de hortelã, castanhas e fios de ovos.
Doces : Peras bêbedas, arroz doce em várias versões, leite creme, fatias paridas, filhós e toda a variedade de doces conventuais de Tentugal, exceptuando a barriga de freira, que nunca me passou pelos beiços porque não calhou, mas que reza a tradição ter sido muito apreciada por um antepassado meu, curiosamente de nome João.
Abaixo as mousses, as bavaroises e todas essas merdas importadas de estrangeiro.
Bebida: Espumantes da Bairrada e água. Nem falar em Chanpagne…
Muita asneira, muita maldicência, muita alegria sem exuberância e por fim á meia noite o numero das passas, os beijos na boca das respectivas com hálitos sofríveis que reflectiam a natureza dos consumos, mais uma taça, um Kompensam, um Pankreoflat um chá de manzanilla bem quentinho para ajudar a limpar a tripa de manhã e chi chi (e de noite várias vezes chi chi) cama.
Dirão os leitores, e onde arranjava toda essa caça? É fácil, um dos presentes. o Luís Carlos Pedra, é um excelente caçador, talvez o melhor de Portugal!!!
Até se diz aqui na zona e quiçá na Europa: “Querem caça?! vão ao Pedra!!!...
Este ano em casa do Dr. Filipe Graciosa será excelente, com toda a certeza. A companhia promete, e o bem receber é conhecido...
No dia 1 começa um novo ano, e aí desejo tudo de bom aos meus amigos, e aos meus inimigos nem tanto... ( não sou hipócrita!!!).