MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

  Tertúlia Aeminium 
Discurso do Presidente




Minhas Senhoras e meus Senhores


Em nome da Tertúlia Tauromáquica Aeminium, gostaria de cumprimentar todos os presentes e agradecer aos galardoados, pelo facto de se juntarem a nós, neste salutar encontro de aficionados, na cidade de Coimbra.

Esta Tertúlia reúne-se hoje, não só para a assinalar o seu 4º ano de actividade, como para galardoar e reconhecer, os diversos protagonistas da tauromaquia que vivemos e que sentimos.

Ela faz parte da cultura nacional, enquanto expressão artística humana, onde homem e toiro se confrontam, num duelo de espécies distintas, transportando consigo, uma dimensão antropológica ímpar.

A tauromaquia é hoje reconhecida pelo Estado, como parte integrante do património cultural português, e nessa medida, é um direito fundamental que assiste a todos os cidadãos, encontrando-se por isso, constitucionalmente protegido.

Enquanto arte, a corrida de toiros é produto de um ensaio entre a técnica e a estética, sem descurar princípios éticos, cujo processo evolutivo está longe de estar concluído, pois existe um constante desenvolvimento em curso, que reflecte o talento natural dos sucessivos artistas, à luz dos períodos que correm.

No entanto e como em todas as artes, há directivas que não se podem dissipar. A perfeita lealdade para com o adversário, e a total sinceridade na entrega corporal e espiritual do artista, são pedras basilares para a firmeza doutrinal da “Festa”.

A corrida de toiros não deve por isso, deixar de ser um drama trágico/emocional onde através dele, revivemos a natureza tal como ela é: cruel e fria; fértil e mortal.

Só assim se pode, glorificar o difícil triunfo, ou chorar a adversidade ou mesmo a fatalidade.

O que não se basear na emoção verdadeira, não deixa de ser um ensaio de lide, mais ou menos bem rematada, e por isso, há que reconhece-lo em praça, para melhor distinção e apreensão do público em geral, em prol de um espectáculo autêntico e de possível explicação.

Hoje, o único espectáculo onde se pode contemplar o confronto entre um homem, pelo seu arrojo, valor e inteligência, podendo resultar ferido pelo seu adversário animal é numa corrida de toiros.

É ao cravar um ferro ao estribo, ao alargar um natural ou a executar uma pega de largo, resultado do encontro entre um toiro de lide saudável e bravo, e um homem com técnica e cultura suficiente, que se pincela e extrai, algo que se possa equiparar a arte.

E dessa arte obtém-se uma mensagem.

Uma mensagem que se resume, no êxito da inteligência humana perante a força bruta, que conduz o homem à tão procurada Liberdade no seu ecossistema de sempre, que é a Natureza.

E grande parte dessa natureza é hoje o mundo rural, que nos viu nascer, a uns mais e a outros menos arrojados de espírito, mas que nos fez crescer, igualmente, mais ou menos complexados de juízos e de ideias de vida.

Assim sendo, e prevendo que as sociedades ditas democratizadas crescem cada vez mais avessas aos aspectos alheios das rotinas urbanas, importa que a tauromaquia enquanto arte, se saiba legitimar e alargar às novas gerações, essencialmente por questões artísticas e só depois por fundamentos de interesse pessoal ou empresarial.

Ambos estão interligados e são estritamente necessários á “Festa”, mas contrariar esta prioridade é remar contra a maré, numa Europa cada vez mais federalista, e por isso, mais autocrata também do ponto de vista cultural.

Mas é preciso dizer, que a tauromaquia tem todos os requisitos para ter continuidade. Assim saibam os seus intervenientes actualizar e modernizar o que assim o exigir.

Sim, porque a corrida de toiros é um espectáculo actual e moderno!

É moderno no tempo, porque apesar das origens distantes, não tem mais de três séculos de metamorfose.

É moderno nos valores, porque ensina os jovens a ter coragem de ter medo, sem disso terem vergonha.

É moderno economicamente, porque para além de produzir riqueza em diversos ramos de actividade, ainda é dos poucos sectores onde não se despedem trabalhadores em massa.

É moderno ambientalmente, porque preserva na íntegra mais de 70.000 há de solo rural nacional.

Mas acima de tudo, é moderno em substancia artística, ao fazer desabrochar em 15 minutos, a verdadeira natureza racional e por vezes irracional, do homem antigo que é, mas que hoje se julga moderno por ter ido Lua, enquanto construía a bomba atómica, ou por aperfilhar milhões de animais de 4 patas ao mesmo passo que despreza comunidades humanas famintas.

Quem é realmente moderno, vive o seu tempo sem fanatismos ou intolerâncias e principalmente sem desafiar a condição e a liberdade do próximo.

Minhas senhoras e meus senhores,

O nosso tempo é Agora! E têm referências. Do presente, do passado e já do futuro.

Por isso mesmo, há que ter a convicção, de que o futuro passa pela união da afición em geral, cabendo a cada interveniente dar a cara, e saber defender coerentemente, os seus ideais, tal como nós nos encontramos aqui hoje, a celebrar e a dignificar, quem em nosso entender se destacou e destaca, ao dar o seu melhor contributo e empenho a esta Causa, que a todos nos une.

Muito Obrigado