quarta-feira, 19 de junho de 2013
Do rugby, aprendi… Reflexão
Um texto escrito por um jogador de rugby português e publicado recentemente no Facebook (maio de 2013) revelou-se como um excelente exercício de reflexão sobre a forma de encarar a modalidade. De tão partilhado que foi, o texto acabou por se perder do autor, que passou a ser desconhecido por entre as ondas da Internet. Esta prosa ganhou, todavia, muitos outros amigos pelo caminho.
Vamos também partilhá-lo:
“Do rugby aprendi uma preciosa lição, útil para o resto da vida quotidiana. Aprendi que 15 empurram mais do que um, mas se um não empurra, os outros ficam a saber disso.
Aprendi a calar e baixar a cabeça em sinal de respeito, mas sem que, por isso, me sentisse menos que alguém. Aprendi a ser honesto e a “esvaziar-me”, para me sentir “completo”. A compreender que, pelo simples facto de formar um círculo, abraçando os companheiros e repetindo a palavra humildade,
humildade uma e outra vez, já venci, independentemente de ficar a zero ou não, no resultado que figurar no marcador final. Aprendi que os “corredores” são importantes, sobretudo quando se ganha, mas se está sempre pronto a valorizar e recompensar o esforço da outra equipa.
Eu que joguei rugby, aprendi a saber aceitar sem reclamar; a não me resignar; a trabalhar para saber o que custa ganhar um metro em silêncio, e o fácil que é perder 10, por não saber estar calado. Aprendi a respeitar as decisões com a mesma vontade férrea daquele que tem competência para as tomar, a compreender os erros dos companheiros, erros que também são meus e, sobretudo… a levantar-me 100 vezes, perdendo às vezes, mas sem nunca sair derrotado.
Este desporto de rufias, praticado por cavalheiros, ensinou-me ainda outras valiosas lições, muitas incompreendidas aos olhos dos que nunca jogaram rugby: por exemplo, no dia seguinte ao jogo, cheio de dores e nódoas negras, estar feliz e realizado pela entrega. Um sentimento que a minha Mãe nunca entendeu. Mas, também a sensação da áspera camisola, mesmo que desconfortável, símbolo de valor e dever. O mesmo em relação ao designado “terceiro tempo”, quando o companheirismo se sobrepõe a qualquer outro sentimento.
Se alguma vez jogaste rugby, serás sempre membro de uma “família” sem fronteiras, com um idioma, um pensamento e uma visão comum. Mesmo depois de deixares de jogar, ao dobrar uma qualquer esquina desta vida irás reencontrar uma camisola que vai trazer recordações de desafios passados, garra, esforço, dedicação… Mesmo que não conheças quem a veste, não resistirás a perguntar de onde vem e onde jogou? Nessa altura, sem saber como e em menos de um “drop”, estarás a partilhar uma cerveja”.