MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O cavalo e a equitação toureira...

O cavalo e a equitação no toureio
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Este é o tema que vou desenvolver tentando atravessar a evolução deste nobre animal,  no mundo do toureio :                               
Vou começar com a abordagem de alguns pontos na nascença desta disciplina hípica ligada ao toureio, ou desta manifestação de arte tauromáquica, duas   designações que no fundo são uma e a mesma coisa.
Com facilidade - seguindo a lógica – chegamos aos primórdios do toureio a cavalo.
Torna-se evidente que o mesmo nasceu do contacto do homem montado,    na caça e na lide do gado no campo.
È igualmente evidente a utilização das raças autóctones para o efeito.
Esta actividade hípica veio mais tarde a ser ajustada ao treino dos cavalos para a guerra, sobretudo em Espanha e Portugal.
No nosso país a história data de vários séculos, e a selecção da raça hoje dita lusitana, tal como a própria equitação  á portuguesa têm vindo a evoluir como é natural.
O cavalo e a equitação que vemos nas gravuras antigas que representam torneios medievais, onde já se lanceavam toiros a cavalo, mostram-nos á evidencia, o que acabo de dizer.    
Quero acrescentar ainda a propósito desses torneios que exercícios  como a “cabeça do turco” e o “estafermo” eram óptimos para o desenvolvimento da destreza porque exigiam maleabilidade e domínio do cavalo, em ligeiras aproximações ao que no toureio lhe era exigido.
Assim é que no que diz respeito ao cavalo, ouve sempre a preocupação de produzir animais de dorso forte e não muito longo, pescoço desenvolvido, cabeça pequena,  grande agilidade, corvilhão baixo, boa espádua e bom rim que permitissem assim uma melhor reunião do animal, resultando daí um recuo do centro de gravidade, que conduzisse a que este se voltasse num mais pequeno espaço.
Diz-se e com razão que foi este cavalo tipo, que permitiu a vitória em muitas batalhas nomeadamente em Aljubarrota, quando quebrado que foi o quadrado, em que se dispunham as nossas tropas, logo atacámos pelos flancos rodando num palmo de terreno, apanhando assim o exército inimigo de surpresa.
Àh !!! esquecia-me de duas particularidades do nosso cavalo, quiçá o que mais o distingue das outras raças….
Trata-se da valentia e da agressividade…
 Com este tipo de cavalo foi criada a escola de toureio donde nasceram as sortes clássicas de toureio á Tira, á Meia Volta e em Terrenos Sesgados.
Logo que se começou a tourear de frente, ao piton contrário e mais tarde a quiebro, as dificuldades aumentaram no que toca ás montadas que na maioria eram deficitárias em elasticidade.
Começou aqui a era dos cavalos cruzados, mantendo-se sempre os lusitanos de eleição.
Quanto aos “luso-árabes” foi mais ou menos pacífica a sua utilização, já quanto aos “anglo-lusos” e aos “luso anglo árabes” as coisas complicaram-se pois que a própria forma de montar á portuguesa, devidamente escarranchado e unido ao arreio, fazia com que no momento do ferro, houvesse como que uma forte ajuda de “assiete”,   que levava a um comportamento brusco do cavalo.
No principio desta fase era vulgar encontrar cavaleiros menos académicos a desenrascarem-se melhor, perdoem-me o termo, por não se unirem tanto ás montadas e porque lhes davam maior liberdade na boca.
Até esta altura era escola empurrar os cavalos para cima da mão mantendo-os encostados ao freio.
Hoje este problema está mais ou menos esbatido em função da monte dos cavaleiros mais adaptada ao tipo de cavalo “cruzado Português”, que na maioria dos casos já leva também várias gerações de cruzamentos que levaram a uma consequente  adaptação com vista ao toureio,… enquanto que no que se refere á boca dos cavalos o novo conceito de liberdade criado pelos SR:s “gnral Phillis e Bauchet ”, foi desenvolvido no nosso país pela escola do  “general Jara de Carvalho”…… a que mais tarde Mestre Nuno de Oliveira deu profundidade e classe.
Hoje a realidade do cavalo cruzado é tal que já vemos pelo menos dois cavalos cruzados de hanoveriano a tourear, sendo um deles muito bom (curiosamente com o ferro da ass. De criadores de Aveiro) e o outro extraordinário.
 Em Espanha, a realidade foi diferente.
Até ao aparecimento de “D. António Canñero” farpeava-se o toiro em redondo ou em caracoleo que era quase a mesma coisa.
Cañero eis militar de cavalaria, trouxe para o toureio um misto da disciplina militar hípica e da doma vaquera a que aliou a espectacularidade dos ares de escola, sem nunca tirar o toureio a cavalo no seu país, do chamado numero do cabballito.
A base da sua equitação era primária, mas nem tanto como a defeniam os seus detractores, que a resumiam ao conceito de ferro á frente e ferro atrás, que se traduzia em grandes freios e grandes esporas.
Tinha no entanto a vantagem de ao enforquilhar-se na montura e raramente se unir a ela, pois o contacto era feito com as coxas apoiando-se permanentemente nos estribos, não interferia desse modo no dorso do cavalo.
Mais tarde, Angel Peralta, refinou este conceito e começou a fundi-lo com a equitação á portuguesa através do contacto com o Eng. José Samuel Lupi e das visitas que fazia com regularidade ao nosso país, bem como do contacto com mestre Diogo Serrão que  esteve uma temporada a trabalhar consigo..
Angel Peralta, homem superiormente inteligente, começou a comprar sementais em Portugal tendo hoje uma coudelaria da qual saem muitos cavalos toureiros.
 Foi no entanto com Diego Ventura e Pablo Hermoso de Mendonça que se deu a grande explosão do toureio a cavalo em Espanha e a afirmação plena do nosso cavalo.
Apareceram com  quadras quase exclusivamente  portuguesa.
 Aproximaram a sua equitação da nossa , tornando-se por isso e não só nos grandes importadores de novos conceitos do cavalo e da equitação.
Da “doma vaquera” aproveitaram como conseguir a sujeição, aliaram-lhe a flexibilidade e mesmo o arreio típico de Espanha que com Alvarito já tinha sofrido o enxerto do arção na frente (Quando montava o Òpus) com estes veio a sofrer ainda outra transformação que se traduziu no encaixe da concha numa base de cela portuguesa, ou numa montura mais leve e mais fina, que lhes permite uma maior ligação á montada.
Os franceses não têem uma história tão rica, no entanto têm a sua história que começa Nessa terra mágica a camarga, com esse ser extraordinário que é o celebérrimo “Crin Blanc”.
Depois do aparecimento do toureio a cavalo  com  Marie Gentis (a quem chamaram: L’amazone Fim de Siécle”que fez a sua aprendizagem com Alfredo Tinoco e José Bento Araujo, aquando da presença destes em Paris quando  aí tourearam vàrias vezes. Surgiu então Emma Callais Com Albert Lescot que toureou por toda a Espanha e até em Madrid e de quem d. Romano dizia ser tão bom como qualquer Espanhol incluindo Cañero. Teve este homem o mérito de fazer a transicção do crin Blanc para o berbere eternizando o cavalo “Marabut” desta raça.
Depois destes Surgem Charles FidanY e André Rebufatt que esses sim , pelo contacto com Simão da Veiga a quem vêm tourear e adquirem cavalos, começam a querer estabilizar a sua própria escola
Não quero acabar sem vos ler alguns pensamentos que são uma ternura sobre o cavalo, da autoria de Angel Peralta:
Abusando del comando se subleva el caballo
 Al caballo que mira de frente… le gusta la verdad de la bravura
 Los caballos que torean, desafían a la muerte bailando
 Los caballos sin voluntad, no se pueden dirigir
 La estrella de la espuela orienta al  caballo
 Al caballo, como al hombre, lo doma el tiempo
João Cortesão