MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

domingo, 23 de agosto de 2015

Toiros - Sacado do face...

Com a devida vénia publicamos este artigo pertinente e bem escrito...

A EXTINÇÂO DO GADO BRAVO

Por - João Afonso Machado em 22/8/2015

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A tourada, em recente formulação dos "contra", é apenas "tradição". O que, devido ao sofrimento do touro, bastará para a proibir.
Ora a tourada não é, evidentemente, "tradição". É, goste-se ou não, em si mesma espectáculo: a arte equestre - a atitude do cavalo, a perícia do cavaleiro - a destreza, a coragem e o apego dos forcados, o sangue-frio e a postura dos matadores e novilheiros. A tourada é, sobretudo, as praças de touros invariavelmente cheias, o ponto de encontro de todas as proveniências sociais por muito que a demagogia reduza o fenómeno ao inefável "marialvismo". E, não fora assim, não se manteria a tourada a pé firme nas emissões televisivas.
Isto posto, os touros: o gado que vagueia na lezíria. Terminantemente não leiteiro, vagamente para carne de consumo. Pastando e ruminando por ali em resultado de um valor económico que é só seu - o do gado bravo.
Sem a tourada, a lezíria necessitaria procurar outros moradores. Não há, em Portugal, espaço campesino que se possa dar ao luxo de não ser rentável. Para isso já basta o Interior desertificado.
De modo que, sem a tourada, seria o fim das ganaderias e de uma raça exclusivamente ibérica: a do dito gado bravo.
E sobre o seu sofrimento: é, em vida, muito menor do que o da população aviária e de outras espécies que adquirimos depois ns supermercados. E, na morte, menos atroz do que o do porco, esfaqueado goelas adentro, sangrado e retalhado. 
Não é a tradição que mantém a tourada, mas sim a adesão popular ao espectáculo. As coisas são o que são, por muito que elas possam servir para falsas causas políticas. Quanto a estas, aí vai um facto, uma motivação - o abandono de cães e gatos "de estimação" pelo fútil motivo de férias ou quejandos.
Dá menos nas vistas mas é mais premente.