Francisco Salvação, fundador dos amadores de Alcochete, aficionado de postim, destacou-se no meio taurino como organizador das famosas corridas de toiros no Campo Pequeno a favor da Liga dos Combatentes, antes do 25 de Abril e a última das quais já depois da revolução, a 26 de Setembro de 1974, que ficou célebre como a "corrida da "Maioria silenciosa".
Há muitos anos que nos unia uma profunda e especial amizade. Quando me deslocava para aquela regiao, sempre almoçávamos juntos na " Taverna dos cabroes" lugar onde o Chico almoçava diáriamente na mesa do canto. Normalmente tinnhamos por companhia o Dr. Pires da Costa, muitas vezes o Eng. José Lupi, o Dr. Joao Borges e o Antonio Costa.
Todos os anos organizava três almoços na tasca do Joao ( quase em frente á sede do Aposento), um de lampreia, outro de cabidela e outro de cozido Alcochetano... como ele dizia.
Juntava nesses dias á volta da mesa os seus amigos sem distinções sociais ou politicas, eram amigos e mais nada, mas o que mais o diferenciava e mais me identificava com ele era a lealdade total nas amizades, encarnando a máxima que diz : " os inimigos dos nossos amigos, nossos inimigos sao "...
A provar o que acabo de dizer, basta lembrar que depois do afastamento da familia Borges do C. Pequeno, nunca mais foi áquela praça...
Este poema de P. Monteiro encarna na perfeição o conceito de amizade o meu amigo CHICO :
Quero amigos leais ao meu redor
e sempre me acompanhando
Nos momentos bons e ruins
Nos espinhos e nos jasmins
Sem julgamentos e nem fins...
Cada um com seu jeito
Seu status, sua raça, sua crença
Mas sendo sempre fiel e verdadeiro
Independente das nossas diferenças .
Que me acolham...
Me respeitem
com minhas flores,
dores e todos os meus defeitos .
Tenho alguns amigos
E os que tenho...
Quero abraçá-los eternamente!
É tolice afirmar que somos levados a ser leais até por que a lealdade não é condição ou sentimento, mas um comportamento característico, inerente, próprio pessoal, e particular... não circunstancial
Chico, agora que estás perto da minha amiga Zezinha SENHORA tua mulher, entrega-lhe os meus Respeitos...
Partiu o meu amigo Francisco Salvaçao que por excentricidade usava normalmente um sapato de cada cor e pela nossa enorme amizade escrevi estas pobres palavras p´ra que a terrra não o esqueça...