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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011


Crónica de Manuel Lamas de Mendonça






Á frente do burladero e ao lado do bom senso


W. Churchill reconhecia que, a partir de uma certa idade, não é preciso fugir ás tentações porque… as tentações fogem de nós.Parece evidente que a gentinha anónima que se acotovela atrás do burladero ainda não chegou a essa idade de sabedoriaSe bem me lembro existia uma diferença ligeira entre estar atrás do burladero. E sair para a frente do mesmo.Uma diferença em tudo semelhante entre o sair a terreiro para apontar frontalmente faltas de bom senso, ou ideias de gosto duvidoso, e permanecer agachado atrás de tábuas,  a  miar  umas coisas politica e moralmente correctas, mas tão insonsas como a pasta de queijo da vaquinha sorridente. Por acaso  não achei que as exposições de Presépios,  pais natais  e Meninos Jesus do Sortesdegaiola  tivesse correspondido a um momento de particular inspiração, ou sequer de fino humor.Nem mesmo de elegância, para não falar já do respeito por coisas que me são caras. Mas tenho presente que os Cortesões, teimam em permanecer uma velha dinastia de jacobinos monárquicos e anticlericais, tendo, como toda a gente compreenderá, alguma dificuldade em conciliar todas estas facetas de uma rica e secular tradição de militâncias antagónicas.Que seriam conflituais para qualquer arrivista de primeira geração, acabado de calçar as botinhas catitas  do alpinismo social.Essa gentinha recém-chegada tem que aparecer alinhada, certinha, virtuosa e subserviente para com aquilo que julga ser o ar dos tempos. È a condição de todos os cristãos novos e recém-chegados . Têm de exagerar na virtude. Ser mais papistas do que o papa. Há séculos que existem regras para a assimilação de cristãos-novos. E, bem observadas por gente com saber fazer ,  e saber estar, essas regras tem funcionado satisfatoriamente no tempo longo.  Mas vinca-se em  alguns de nós uma tendência irreprimível e popularucha para que um reparo bem apontado, e cheiinho de razão,  descambe, e tanto, que acaba por  esquecer o alvo e perder  a razão.  Foi o que aconteceu com a rapaziada acoitada atrás do burladero  que não gostou das exposições de Presépios,  pais natais  e Meninos Jesus do Sortesdegaiola. Eu também não gostei. Nem sou obrigado a  reconhecer em José Vilhena um continuador do Bordallo ou do Stuart Carvalhais.  Ou a acreditar que chalaça é um sinónimo de senso de humor. E posso mesmo entender que, nesta mudança de paradigmas universais, é mais ajuizado que os cristãos, ou simples cristianizantes, exijam - com   a coragem da lucidez - o mesmo respeitinho pela suas crenças fundacionais que nos é imposto pelo Islão ou pelo Sionismo.Mas o que me irrita supinamente é que se perca a razão, como sucede com a gentinha que se alapa atrás do burladero.  Porque não resiste a confundir logo alhos com bugalhos. Porque escorrega logo para  à perfidiazinha mole. Porque tropeça na delação de sacristia e num indisfarçado oportunismo de rivalidade clubista. Seria tentado a concordar  com a gentinha atrás do burladero. Se fossem a voz mítica do povo truculento e vociferador.Um povo indignado, que lava no rio as ofensas àquilo em que acredita, e dá a cara.Ou tem um nome que assina. Mas sacudo de mim a eterna rata de sacristia burguesa que só dá esmolas e à saída da missa. Ou os bons conselhos piedosos que apenas  dão jeito a quem pretende entalar o vizinho e gamar uma courela à Misericórdia.Ficamos entendidos. Criado de VocelênciasManuel Lamas de Mendonça