A opinião de Manuel Peralta Godinho e Cunha sobre a corrida dos "Palhas" no Campo Pequeno
Tem actualmente a tauromaquia em Portugal e no forcado amador um dos principais suportes, sendo provavelmente a pega o grande atractivo do público nas praças de toiros.
Tempos houve em que o toureio a cavalo terá sido o grande motivo de encanto da aficion com Simão da Veiga / João Núncio; Mestre Batista / José João Zoio, nomes suficientes para colocar a placa de “Não há bilhetes”.
No toureio a pé – e não apeado, como alguns o chamam – é de elementar justiça não esquecer a dupla Diamantino Vizeu / Manuel dos Santos, que provocavam enormes filas para a compra de bilhetes uns dias antes das datas das corridas.
Claro que nesses tempos também havia o interesse do público no grupo de forcados anunciado, mas com o decorrer dos tempos passou a haver uma maior motivação pela pega e hoje são várias centenas de jovens que já vestiram a jaqueta e gostam de assistir à corrida à portuguesa.
É assim em variadíssimas praças de toiros do país e muito no Campo Pequeno.
A última corrida, de inauguração da temporada em Lisboa, teve a vantagem de ser transmitida pela RTP e portanto a possibilidade de milhões de espectadores terem visto a importante apresentação de um curro de toiros da afamadíssima ganadaria Palha para os cavaleiros João Moura, Luís Rouxinol e Rui Fernandes. Toiros que cumpriram e bem, com excepção do 4º da ordem.
Grande a expectativa do público para ver os Forcados Amadores de Santarém e de Lisboa, grupos que no antanho não actuavam juntos e que na noite de 12 de Abril de 2012 estiveram valorosos frente aos duríssimos e imponentes toiros da ganadaria Palha
Foi interessante a corrida com imagens que ficarão certamente na memória de muitos espectadores, tais como as daqueles forcados de Santarém e de Lisboa que se colocaram em frente dos Palhas e à tauromaquia portuguesa deram mais um contributo do que é a arte de pegar toiros.
Os toiros não se devem pegar todos de caras de igual forma e é certamente um motivo de conforto para qualquer cabo de um grupo ter um forcado como João Vasco Lucas que resolveu e bem a situação que se apresentou aos Amadores de Lisboa quando o toiro que encerrou praça derrotou violentamente Pedro Gil na sua 2ª. valorosa tentativa.
Pelos assobios que se fizeram ouvir na Monumental do Campo Pequeno, nem todo o público entendeu que, numa situação assim, o forcado que vai emendar um companheiro, já na 3ª. tentativa do grupo e perante um toiro com muitíssimo poder, deve não complicar mas sim resolver com eficiência. Por isso, João Vasco Lucas não deu vantagem ao toiro abreviando o cite.
Se, por absurdo, a emenda fosse tentada em mais algumas demoradas tentativas e mesmo assim consumada a pega, dir-se-ia que o forcado foi eficaz. Assim, direi que foi eficiente.
E há diferença entre eficácia e eficiência. A eficiência é mais inteligente.
Um olé, para a eficiência de João Vasco Lucas!