Com devida vénia transcrevemos do jornal " O Publico", esta crónica do Prof. Miguel Esteves Cardoso, que julgamos de toda a Pertinência, e que bem calha no "MUNDILLO"...
OS IMBECILINHOS
Há os imbecis sem noção do que se passa ou do que fazem. Mas estes são criaturas clássicas, úteis em qualquer sociedade em que tanto a concórdia como a discórdia precisam de ser automáticas e previsíveis.
Novidade são os imbecilinhos: são pessoas que querem compreender o que se passa (nas artes, na política, tanto faz) mas que não são capazes de segurar na cabeça mais de dois pontos de vista: o bom e o mau.
Sim, são limitados: limitados a dois mundos. Seria desonrar a religião maniqueísta chamá-los maniqueístas mas lá está: faz parte do estilo imbecilinho.
A palavra certa é estúpidos. São inocentes de qualquer inteligência. Não têm culpa. Só maldade. Querem passar, maldosamente, por minimamente espertos. Como não são totalmente estúpidos, percebem o bastante para enganar os muitos que são.
Os imbecilinhos manifestam-se nas chamadas redes sociais. Ou seja: é preciso ser-se imbecil (ou, no mínimo imbecilinho) para ter acesso a eles. A bem ver são completamente invisíveis. O que não consola ninguém: os meramente imbecis continuam a exprimir-se mal nos meios de comunicação social anteriores à Internet.
Dizem que nunca houve tantos malucos à solta na Internet. É mentira e falta de misericórdia: finalmente arranjaram maneira de se exprimir. O que só pode ser bom para eles. Os imbecilinhos, sobretudo, não precisam de ser lidos: precisam é de escrever e de pensar que podem ser lidos por um ou dois outros não-imbecilinhos.
É uma santa terapia.