terça-feira, 10 de março de 2015
Á conversa com Joaquim Bastinhas...
A que atribui o êxito rotundo na passada temporada?
À minha paixão pelo toureio acima de tudo. Depois sou um profissional e estou sempre para dar o meu melhor em quaisquer corridas. Finalmente encontrei o cavalo com que me entendo perfeitamente, para além dos outros da quadra habitual – o “Zico”, o “Tivoli”, “Queimadoiro”, “Duque”, o “Cartier” e o “Eneias”. Evidentemente que o “Amoroso” é um cavalo que marca a diferença. Todos estes factores conjugados, para além da minha capacidade de ultrapassar as adversidades, e que na passada temporada mexeram bastante comigo – mas dizia, essa força contribui para que tudo tivesse um final verdadeiramente espantoso.
Onde foi buscar forças para reagir ao azar do marco e á tragédia do seu apoderado e amigo?
Já respondi praticamente a esta pergunta. Um toureiro tem que ser forte. Tem que estar preparado psicologicamente para tudo: êxitos e adversidades. Na nossa profissão sabemos que o perigo é iminente e tudo pode acontecer. A mim sucedeu-me: primeiro vi um colega ter um acidente grave. Depois como pai assisti ao acidente do meu filho. E esses momentos são verdadeiramente angustiante. Felizmente que o Marcos já ultrapassou e recuperou dessa fase menos boa. Agora é para diante e esquecer tudo e tourear. Quanto ao António Morgado foi difícil encarar a perda do amigo como é normal. O melhor que pude fazer foi honrar a sua memória partilhando os triunfos com ele também.
É um dado adquirido que nunca escolheu toiros nem alternantes? Porque nunca usou essa prerrogativa?
Quando és figura do toureio, (como todos me elegeram), tens que estar preparado para, lidares todos os toiros e alternares com todos os colegas. Assim penso que devem agir as figuras. Depois tem também a ver com o teu brio, a tua ambição e a tua capacidade de enfrentar desafios. Penso que tudo isto define uma postura profissional que todas as figuras devem ter e nos demarca uns dos outros… e o público sabe também reconhecer tudo isto.
Porque pensa que o público reage da mesma maneira consigo no Norte do País como em Lisboa?
Porque encaro todas as corridas com a mesma responsabilidade e respeito o público seja ele do norte ou sul, das capitais, vilas ou aldeias. Quem paga o seu bilhete para nos ver, acarinha, confia e admira; e até mesmo os que simpatizam menos: todos merecem todo e o mesmo respeito.
Que cavalos novos tem para esta temporada?
Tenho o “Vigo”, o “Dardo” e o “Duque”.
Que pensa da nova geração do toureio a cavalo?
Acredito no seu valor e qualidade. Têm vindo a conquistar o seu lugar e certamente cada vez mais, vamos ter que nos haver com eles. Evidentemente, apesar de alguns estarem ligados a nós por laços de sangue, porque são filhos ou sobrinhos, também sabem que nós não vamos dar facilidades. Na praça somos todos toureiros. Estamos para tourear e defender o lugar que também conquistámos e temos mantido ao longo das épocas. Mas como é evidente e sempre assim foi ao longo da vida, chegará também o seu momento. E alguns já entreabriam a porta.
Como vê o seu filho Marcos como toureiro?
Um toureiro com raça, muito valor e de uma enorme entrega… mas essa pergunta é mais para os aficionados e o público. Eu sou pai e a minha análise pode ser interpretada como suspeita. No entanto sou também toureiro e como toureiro vejo-o com enormes ganas, a saber o que quere e de ideias muito claras para a sua carreira e o percurso que quer trilhar. Acredito, ou melhor vejo que trabalha para vencer.
Pensa tourear em Espanha, França ou América?
Depende sempre das condições que me propuserem.
Quais os seus desejos para esta época?
Que seja uma boa temporada para todos, com muita competição, muitos êxitos para o público ir às praças, volte sempre - e divirta-se!