MANIFESTO DA DIRECÇÃO: Este blogue “www.sortesdegaiola.blogspot.com”, tem como objectivo primordial só noticiar, criticar ou elogiar, as situações que mais se distingam em corridas, ou os factos verdadeiramente importantes que digam respeito ao mundo dos toiros e do toureio, dos cavalos e da equitação, com total e absoluta liberdade de imprensa dos nossos amigos cronistas colaboradores.

terça-feira, 17 de março de 2015

Ensaio sobre o maquiavelismo,e a cegueira taurina...

Ensaio sobre o maquiavelismo,e a cegueira taurina...

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Por definição  aqueles que se interessam por toiros, cavalos, costumes e tradições constituem uma minoria de primitivos imbecis, atrasados e “reaccionários”, como certifica outra minoria de imbecis manipulados, que  foram convencidos de que são progressistas.
Entre uns e outros vegeta uma esmagadora maioria de multidões indiferentes a quase tudo o que não seja tentar sobreviver, e evitar pensar em coisas ainda mais incómodas do que os seus problemas quotidianos, para evitar uma depressão ainda maior. A estas multidões serve-se uma informação filtrada e orientada, nos intervalos do futebol, dos reallity shows, dos concursos e das novelas. Á força de constarmos esta realidade acabámos por a achar natural.
As coisas são assim. Mas porque é que são assim?
Porque é que nos esquecemos tão resignada e passivamente de que a esquerda esclarecida,  que então existia e agia, considerava como ALIENAÇÃO  DO POVO as doses massivas de Fátima fado e futebol com que os salazarentos atafulhavam os bestuntos da carneirada dócil?
Não estou minimamente convicto de que o facto de amarmos os costumes e as tradições nos inclua automaticamente numa minoria de primitivos imbecis.
 E sinto-me na obrigação de reconhecer que sofremos uma lenta lavagem ao cérebro que conduziu a uma tal mudança de convicções que já somos poucos os do tempo em que fumar era bonito e levar no rabo é que era feio. Mas quero crer que alguns desse tempo agradeçam uns abanões para sacudir o torpor, a sonolência mental e a indiferença que tomaram conta de nós.
Assistimos ensonados, caladinhos e  assustados,  ao atentado permanente e teimosamente eficaz ao cerne dos nossos interesses, dos nossos gostos e das nossas convicções, conduzido por uma vara de pregadores teleguiados.
Já não nos espanta realmente nada que os donos  da Eurolândia proíbam as culturas geneticamente modificados em nome da saúde pública, e importem todo o lixo transgénico com que se fabricam as rações que alimentam a totalidade da sua pecuária.
Achamos natural que a agricultura não viva da venda daquilo que produz mas dos subsídios que recebe, tarde e a más horas, precisamente para não produzir, ou vender abaixo dos custos de produção, à grandes superfícies parasitárias que embolsam margens de lucro que nenhum risco legitimou,  e asfixiaram todo o comércio tradicional e independente que nos dava liberdade de escolha.
Achamos natural pagar os milhões da  RTP disfarçados na facturas da electricidade, ou que, nas novas cobranças das auto estradas, o montante das portagens possa ser inferior aos chamados custos administrativos. Quais custos administrativos? Porventura na factura das bicas vem incluída a amortização da caixa registadora ?
Achamos natural que os fumadores estejam confinados a minúsculos campos de concentração, e sejam vendidos como o grande risco para a saúde pública, enquanto  qualquer privilegiado com posses pode snifar coca ás linhas inteiras, sem merecer o mesmo repúdio e reprovação públicas.
Achamos natural que aqueles que porfiam em proibir a festa brava, e a caça à raposa, não se mobilizem nos mesmos piquetes de inspecção ao sofrimento animal nos matadouros, na criação de peles ornamentais, na produção de foie grãs, e nas hecatombes sazonais á bela perdiz ou ao saboroso coelho. Donde se conclui que damos por provado - e adquirido - que uns animais são mais animais do que os outros.
De facto somos completamente imbecis. Mas não estamos de modo nenhum em minoria. Vivemos é num mundo imbecilizado e apático. E deixámos de pensar pelas nossas cabeças, agora preenchidas com um pré fabricado  de excesso de informação  tendenciosa e orientada, em doses tais que ninguém a consegue digerir, quanto mais sindicar.
E pensamos - com uma ingenuidade ternurenta – que a propaganda permanente que nos inunda os olhos e os ouvidos só afecta os outros. A nós não, por amor de Deus. Nem pensar nisso. Não somos uma minoria de primitivos imbecis e atrasados. Os outros é que são.
Os outros quem? Parece que toda a gente, menos quem dirige os fabricantes dos chamados conteúdos .
Uma vez que tanto vocês como eu somos comprovadamente aficionados e aos olhos de determinada gente somos patetas, e patéticos, espero que ninguém se tenha incomodado, bem pelo contrário,  que eu vos tenha recordado algumas das manhas dos novos cientistas da manipulação das mentes.